Da Redação
A Bronca Popular
Sem pudor e sem prioridades. O prefeito de Guarantã do Norte, Subtenente Márcio Gonçalves (Novo), decidiu dar um tapa na cara do bom senso e uma rasteira na população ao anunciar uma superprodução milionária para os 44 anos de emancipação do município, enquanto os cidadãos seguem à míngua por serviços básicos.
O "Guarantã Rodeio Show", como foi batizado o evento, promete artistas de renome nacional — Mari Fernandez, Davi Quinlan, Edy Rodrigues, Luan Pereira, Matheus e Kauan —, mas o que deveria ser uma celebração virou símbolo da decadência administrativa e do uso irresponsável dos cofres públicos.
Festejar o aniversário da cidade é justo. O povo merece alegria, cultura e lazer. Mas há uma diferença abissal entre celebrar com responsabilidade e escancarar uma gastança sem critério em um município que agoniza com problemas urgentes.
Guarantã do Norte precisa, com urgência, de melhorias na saúde pública, infraestrutura urbana precária e estradas vicinais esburacadas que isolam comunidades inteiras. O que o prefeito entrega em troca? Fogos de artifício, shows caros e marketing barato.
O mais revoltante é que Márcio Gonçalves se elegeu com o discurso moralizador de combater a “velha política”, mas hoje se comporta como um personagem caricato daquilo que tanto criticou: populismo barato disfarçado de gestão moderna. Usa o palco e as redes sociais para vender uma imagem de gestor festivo e “do povo”, enquanto a realidade é de abandono e negligência.
Relatos apontam que o Hospital Municipal opera no limite, faltam médicos em unidades de saúde e famílias percorrem quilômetros em estradas intransitáveis para ter acesso a serviços essenciais. A cidade pede socorro — e o prefeito responde com microfone na mão, holofote no rosto e verba pública na fogueira do espetáculo.
Há quem diga que o povo vai participar da festa. Vai, sim. Mas não para bater palma para o prefeito. Vai porque não pode pagar por shows como esses, porque quer se divertir, porque merece um alívio em meio ao caos. Mas que não se confundam as luzes do palco com os buracos das ruas. Que o som do trio elétrico não abafe o grito por dignidade.
A reportagem apurou que moradores organizam protestos para a abertura do evento, marcada para esta quinta-feira (29). A mobilização é legítima e necessária. Guarantã do Norte precisa ser ouvida, não iludida.
A farra é pública, mas o rombo é privado — da saúde do povo, da dignidade do servidor, da esperança do cidadão. Guarantã do Norte faz aniversário, mas quem ganha o presente, mais uma vez, é a vaidade de um prefeito que governa com o espelho na mão e os olhos longe da realidade
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