Segunda-feira, 19 de Maio de 2025

POLÍTICA Domingo, 18 de Maio de 2025, 17:15 - A | A

18 de Maio de 2025, 17h:15 - A | A

POLÍTICA / MORAL DE CUECA

Condenado por assédio, vereador afronta mulheres e escandaliza Quatro Marcos

Mesmo condenado por violência sexual e lesão corporal contra uma mulher doente e indefesa, “Seu Polícia” se apresenta como defensor da moralidade pública

Da Redação
A Bronca Popular



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Em um dos episódios mais abjetos da história recente de São José dos Quatro Marcos, um agente da Polícia Civil condenado por assédio sexual e lesão corporal contra uma colega de trabalho conseguiu a façanha — e o escárnio — de se eleger vereador.

Trata-se de Luciano Cristóvão, o “Seu Polícia” (PSB), um nome que deveria inspirar segurança, mas que hoje é sinônimo de abuso, covardia e ultraje à dignidade das mulheres.

Entre 2016 e 2019, dentro da própria delegacia, onde deveria zelar pela lei, Luciano praticou reiteradas investidas de assédio sexual contra a investigadora D.A.C.S. Utilizando-se da sua posição de superior hierárquico, o então chefe de equipe aproveitava-se da vulnerabilidade da vítima para constrangê-la com palavras e toques indesejados, aproximações íntimas não consentidas e atitudes lascivas dignas de repulsa.

Ignorando repetidamente os apelos da mulher para que parasse, Luciano prosseguiu por anos nesse comportamento predatório, até culminar em uma agressão física — dentro da viatura da polícia — na qual tentou enforcá-la após uma discussão.

A mulher, que além de trabalhar sob esse ambiente hostil, sofre de lúpus, uma doença autoimune grave, viveu por anos uma rotina de assédio, medo e sofrimento físico e psicológico

A mulher, que além de trabalhar sob esse ambiente hostil, sofre de lúpus, uma doença autoimune grave, viveu por anos uma rotina de assédio, medo e sofrimento físico e psicológico.

A denúncia do Ministério Público foi clara, contundente e amparada por robustas provas materiais: exames de corpo de delito, mensagens, testemunhos e laudos.

O juiz Marcos André da Silva, da Vara Única de São José dos Quatro Marcos, reconheceu a gravidade dos atos e condenou Luciano a 1 ano e 5 meses de detenção em regime aberto.

A sentença foi mantida pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso e posteriormente pelo Superior Tribunal de Justiça, que rejeitou os recursos da defesa por ausência de fundamentação jurídica.

Mesmo assim, como num enredo torpe e indignante, Luciano Cristóvão conseguiu apoio político e votos suficientes para se eleger vereador. O que já era uma aberração gritante tornou-se ainda mais repulsivo com o cinismo de sua atuação no Legislativo municipal: não satisfeito em ocupar uma cadeira que deveria ser do povo e para o povo, Luciano tenta agora se apresentar como paladino da moralidade pública, como se não tivesse o currículo manchado por crimes cometidos dentro da própria polícia, contra uma colega indefesa e doente.

Sua simples presença na Câmara é uma afronta direta às mulheres da cidade, uma violação simbólica e institucional à dignidade de todas que lutam diariamente contra o machismo, a violência e o silêncio. É como colocar um incendiário para chefiar o Corpo de Bombeiros. É como entregar a chave da cidade a quem já provou que não sabe respeitar nem os limites mais básicos da convivência humana.

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Luciano Cristóvão não representa o povo. Representa o fracasso de um sistema que, por falhas ou conivências, ainda permite que agressores sexuais ocupem espaços de poder. É preciso dizer com todas as letras: este homem não tem autoridade moral para falar em ética, em família, em segurança ou em política pública. Ele não é exemplo — é o contraexemplo. É a prova viva de que a impunidade e o machismo estrutural ainda encontram espaço para se eleger e se disfarçar de legitimidade.

São José dos Quatro Marcos não pode aceitar calada esse insulto. Não se trata de uma divergência política. Trata-se da integridade das instituições, do respeito às mulheres e da urgência de impedir que abusadores se perpetuem no poder.

A Câmara Municipal, o Ministério Público, os movimentos sociais e, sobretudo, a sociedade quatro-marquense têm o dever de reagir. Porque quando um criminoso se senta em uma cadeira pública, não é só a justiça que foi derrotada — é a própria democracia que sangra. (Processo 1001564-96.2020.8.11.0039 - Vara Única da Comarca de São José dos Quatro Marcos)

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