Da Redação
Blog Edição MT
A rejeição das contas de 2024 da Prefeitura de Cuiabá não é apenas um rito técnico: é um raio-X devastador da desordem que marcou os dois mandatos de Emanuel Pinheiro. E quem assina esse diagnóstico com precisão cirúrgica é José Carlos Novelli, um dos conselheiros mais técnicos, respeitados e qualificados do TCE-MT — referência nacional no controle externo. Quando Novelli fala, o Brasil institucional escuta.
Seu voto descreve o que muitos já suspeitavam: um “descontrole generalizado”.
O rombo de R$ 806,3 milhões, a falta de caixa para pagar compromissos básicos e o aumento da dívida consolidada revelam uma gestão que não apenas perdeu a mão, mas ignorou limites elementares de responsabilidade fiscal.
E o cenário piora: despesas sem prévio empenho somando R$ 278,3 milhões, distorções nos resultados orçamentários e um déficit oculto que saltou de supostos R$ 204 milhões de superávit para R$ 74,1 milhões negativos após análise técnica. É o tipo de prática que desmonta qualquer narrativa de boa gestão.
Na educação, o descaso é gritante: R$ 117 milhões deixaram de ser investidos, comprometendo o mínimo constitucional. No mesmo pacote de negligências, aparecem R$ 32,4 milhões que não foram recolhidos às obrigações previdenciárias — dívida que empurra o problema para servidores e futuras administrações.
Se somam ainda obrigações assumidas sem previsão orçamentária de R$ 579,1 milhões e R$ 682 milhões em restos a pagar. Uma herança que estrangula Cuiabá.
Não há adjetivo mais preciso que aquele usado por Novelli: descontrole.
O julgamento ainda aguarda vista, mas o retrato já está pintado.
Caso a Câmara confirme eventual rejeição das contas, Pinheiro só ficará inelegível se houver condenação por devolução de recursos — mas, politicamente, o dano já está feito.
A era Emanuel Pinheiro termina como começou: sob suspeitas, números maquiados e rombos que o tempo já não consegue esconder. E coube a Novelli — técnico, respeitado e independente — organizar o caos e mostrar a sociedade o tamanho da fatura deixada para Cuiabá.










