Da Redação
A Bronca Popular
Em um movimento que expõe de forma gritante a incoerência entre o discurso e a prática, a prefeita de Várzea Grande, Flávia Moretti (PL), conhecida por seu alinhamento com pautas bolsonaristas e por ter feito campanha prometendo o fim de "privilégios" e da "velha política", acaba de encaminhar à Câmara Municipal um projeto de lei criando um verdadeiro cabide de empregos para atender o vice-prefeito Tião da Zaeli (PL).
O projeto, aprovado pelos vereadores da base, prevê a criação de 12 cargos comissionados específicos para o gabinete do vice-prefeito, que, pela própria natureza do cargo, não exerce nenhuma função administrativa efetiva na gestão. O vice-prefeito só assume funções executivas em casos de ausência, afastamento ou vacância do titular – situações eventuais e temporárias.
Por que então um gabinete inteiro, com superintendentes, coordenadores e assessores, custando aos cofres públicos mais de R$ 50 mil por mês, para um cargo que, institucionalmente, vive em standby? A resposta parece ser menos técnica e mais eleitoral: Tião da Zaeli é pré-candidato a deputado estadual em 2026.
A criação desses cargos levanta uma suspeita incômoda, mas inevitável: estará o Executivo municipal financiando, com dinheiro público, a estrutura de uma futura campanha eleitoral? Os novos comissionados seriam, na prática, cabos eleitorais pagos com recursos do contribuinte?
Flávia Moretti, que prometia moralizar a gestão pública, dá agora um passo largo rumo à mesmíssima velha política que dizia combater. O projeto aguarda agora apenas a sanção da prefeita para virar lei. Se ela confirmar a assinatura, deixará registrado em definitivo: o discurso anticorrupção e antiprivilégios foi apenas retórica de campanha.
