Da Redação
A Bronca Popular

Durante a campanha de 2022, a deputada federal Coronel Fernanda (PL) se apresentou como defensora ferrenha da família. Dois anos depois, a parlamentar mostrou que, ao menos nesse ponto, cumpre o que promete: sua irmã, Pérola Diniz Robson Santos Abud, foi nomeada para um cargo comissionado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, com um salário bruto de R$ 12.239,65, além de verba indenizatória que eleva os rendimentos mensais para mais de R$ 14 mil.
A nomeação foi publicada no Diário Oficial da Assembleia Legislativa no dia 2 de outubro de 2024, nomeando Pérola para o cargo de Assessor Técnico Legislativo, função de livre nomeação e exoneração, frequentemente ocupada por indicações políticas.
A posição generosa no Legislativo estadual sucede outra tentativa da parlamentar de impulsionar a carreira da irmã.
No período pré-eleitoral de 2024, Coronel Fernanda trabalhou nos bastidores para garantir o nome de Pérola como vice na chapa do então candidato a prefeito de Tangará da Serra, Vander Masson. A investida não prosperou: a irmã da deputada enfrentava baixa representatividade política e nenhuma projeção pública, o que inviabilizou a indicação. A vaga acabou sendo preenchida pelo então vereador Eduardo Sanches.
Mesmo com o discurso de defesa da redução do Estado, liberdade econômica e meritocracia, Coronel Fernanda não abre mão de garantir espaço público para seus parentes mais próximos. A prática contradiz sua retórica liberal, mas reforça seu comprometimento — ainda que de forma literal — com o lema de proteger a família.
No atual cenário político, onde o uso de cargos comissionados para abrigar parentes segue sendo uma prática questionável do ponto de vista ético, a nomeação de Pérola lança luz sobre as contradições entre o discurso público e as ações privadas de parlamentares que se dizem reformistas.
Com a vaga garantida e o contracheque gordo, a irmã da deputada agora desfruta da estabilidade oferecida por um sistema que, ironicamente, muitos políticos de direita afirmam querer enxugar. Isso seria coisa da velha política?
O outro lado - a reportagem entrou em contato, na semana passada, tanto com a deputada federal Coronel Fernanda quanto com sua irmã Pérola por mensagem de texto, mas até o fechamento desta matéria não houve retorno. O espaço segue aberto para manifestação.
