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POLÍCIA Segunda-feira, 20 de Julho de 2020, 04:34 - A | A

20 de Julho de 2020, 04h:34 - A | A

POLÍCIA / TRAGÉDIA DO ALPHAVILLE

No Fantástico, mãe questiona versão de amiga da filha e suspeita de assassinato em Cuiabá

Mãe suspeita sobre fato de tiro acidental ter atingido Isabele Ramos na cabeça

Da Redação
Folha Max



A morte da estudante Isabele Guimarães Ramos, de 14 anos, que levou um tiro na cabeça dentro no condomínio de luxo Alphaville I, em Cuiabá, foi destaque na reportagem especial do Fantástico, na noite deste domingo (19). Em entrevista a TV Globo, a mãe da jovem, Patrícia Hellen Guimarães Ramos, disse não acreditar no depoimento prestado pela amiga da filha de que o tiro tenha sido disparado de forma acidental. 

“Eu não acredito nisso e não estou desmentindo o depoimento dela. Como mãe, não entendo de armas, mas eu acho isso muito pouco provável. Como o disparo aconteceu justo na cabeça da minha filha, não poderia ter sido no braço, numa perna?”, questionou. 

A garota foi morta com um tiro de pistola calibre 380 disparado, supostamente de forma acidental, pela amiga, que pratica tiro esportivo, assim como toda a família e o pai, o empresário Marcelo Cestari. A situação ocorreu por volta de 22h30 do último domingo (12).

Na ocasião, uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi ao local, mas ela já havia morrido. Emocionada, a mãe de Isabele contou com que foi chamada ao local porque a filha tinha sofrido um acidente dentro da casa de Cestari. “Quando eu cheguei no banheiro, a minha filha estava estirada no chão. Aí eu pensei comigo: por que ele estava fazendo massagem cardíaca nela, se ele sabia que ela já estava morta? Ela tinha levado um tiro na cabeça. Ela era uma filha querida, inteligente e tinha muitos sonhos. Ela saiu da minha casa para ir fazer um bolo e saiu de lá carregada pelo IML. Essa é a triste realidade”, desabafou. 

 

A reportagem mostrou que, além da jovem apontada como autora do disparo, os pais e irmãos também são adeptos do esporte. Haviam 5 armas de fogo na casa, além de outras 2 aprendidas, que seriam de terceiros. “Eu sabia que todos eles eram praticantes de tiro, mas não sabia que eles tinham um arsenal de armas em casa. Eu muito menos sabia que as armas circulavam na casa de maneira deliberada, muito menos armas carregadas. Caso contrário, eu não nunca havia deixado ela ir na casa deles”, complementou a mãe de Isabelle. 

Na casa do sogro da adolescente que efetuou o disparo, também foram apreendidas 18 armas de fogo, todas com registro. A residência - localizada num prédio de luxo no bairro Quilombo - foi alvo porque as informações são de que a arma que matou Isabele foi levada à residência pelo namorado da jovem no dia da ocorrência.

A família dele também é praticante de tiro esportivo. O advogado da família de Isabele, Hélio Nishiyama, questionou a facilidade em que as armas foram levadas ao local do crime. “A Polícia tem que esclarecer como que um menino transita por Cuiabá com duas armas de fogo até chegar no local do crime. A polícia tem que esclarecer como uma menina de 14 anos tinha acesso a uma pistola”, pontuou. 

O delegado responsável por conduzir as investigações, Wagner Bassi, esclareceu que as armas eram modificadas para a prática esportiva e por isso poderiam disparar com facilidade. “O acionamento dela é um pouco mais mole. Nós vamos verificar se essas alterações permitiram um disparo acidental”, explicou. 

O empresário foi autuado pela posse irregular das duas armas de fogo, uma delas usada no crime. No entanto, pagou fiança de apenas R$ 1 mil e foi liberado. “O valor de mil reais foi totalmente ilegal, totalmente imoral, totalmente ofensivo, o que nos motivou a questionar em juízo o valor”, reclamou Nishiyama. 

Na última quarta-feira (15), o juiz João Bosco Soares da Silva, da 10ª Vara Criminal de Cuiabá, aumentou para R$ 209 mil (200 salários mínimos), o valor da fiança de Cestari por posse irregular de arma de fogo dentro de sua residência. O caso estava sendo investigado pela Delegacia de Homicídios e proteção à Pessoa (DHPP), mas passou para a Deddica e DEA.

Nesta semana, uma operação coletou imagens das câmeras de segurança do condomínio e verificou se havia vestígio de sangues em outros aposentos da mansão. Durante as diligências, os policiais também apreenderam todos os celulares dos membros das duas famílias investigadas. “Ele pode ser responsabilizado por homicídio culposo por ter agido negligente na cautela do objeto do crime”, finalizou o investigador. 

OUTRO LADO 

Em nota, a defesa de Marcelo Cestari disse que a família está consternada com a tragédia e que franqueou o acesso a todos as provas. Já o pai do adolescente que namorava a amiga de Isabele afirmou que lamenta profundamente o fato e que prestará os devidos esclarecimentos a polícia sobre a autorização para transportar a arma onde a vítima foi morta. 

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