Da Redação
A Bronca Popular
Um grave acidente envolvendo dois caminhões, na manhã desta terça-feira (25), na rodovia MT-358, próximo à praça de pedágio da Via Brasil, e o resgate do motorista ferido escancararam o descaso da concessionária com os usuários da rodovia.
Para quem não sabe, a Via Brasil é dona da concessão de trechos das rodovias MT-246, MT-343, MT-358 e MT-480, que compreendem 233,2 km passando pelos municípios de Jangada, Rosário Oeste, Barra do Bugres, Nova Olímpia e Tangará da Serra.
Em sua página oficial na internet, a concessionária diz que “opera com um sistema de gestão baseado nas melhores práticas do mercado e adota valores que contribuem para o desenvolvimento socioeconômico das regiões em que atua por meio da viabilização de investimentos e oferecimento de serviços de excelência”.
Na prática, não é bem assim.
Na propaganda, a Via Brasil diz que os usuários da rodovia podem contar com o serviço de atendimento pré-hospitalar:
“Equipes especializadas prestam os primeiros socorros em acidentes ou emergências médicas, garantindo deslocamento até a unidade de saúde mais próxima”.
Ao longo dos 233,2 km, existem duas bases de apoio, uma em Barra do Bugres e a outra em Itanorte.
As equipes de atendimento em caso de acidentes são formadas apenas por socorristas com curso de Atendimento Pré-Hospitalar (APH). Não existem médicos nem enfermeiros.
Em caso de acidentes de maior gravidade, a Via Brasil aciona o SAMU, que é um órgão público custeado pelo contribuinte e jamais deveria atender empresa privada que fatura alto com a cobrança de pedágio.
No caso do sinistro desta terça-feira, o SAMU de Tangará da Serra foi acionado e o tempo de resposta foi extremamente rápido.
No entanto, antes de chegar ao local do acidente, o motorista ferido já havia sido retirado por populares do caminhão sinistrado e conduzido para a UPA de Tangará da Serra por uma ambulância da prefeitura de Nova Olímpia.
O resgate do paciente, realizado por terceiros – uma atitude humana, meritória e louvável – poderia agravar o quadro clínico do paciente.
A reportagem apurou que o motorista do caminhão sofreu fratura pélvica, um tipo de fratura que causa sangramento interno.
Ele teria sido transportado na ambulância sem imobilização.
Na UPA, ele foi colocado no BOX sem avaliação adequada pelos ‘profissionais’ que fizeram o transporte do paciente.
Por sorte, um ortopedista identificou que o paciente estava declinando devido à perda de sangue.
Fratura na pélvis rompe importantes vasos sanguíneos, o que altera a frequência cardíaca, provoca queda na pressão arterial, com risco de choque hipovolêmico e, eventualmente, a morte.
“Sangramento interno causa descompensação rápida do paciente. É preciso ter experiência clínica para identificar a situação o mais rápido possível”, comentou uma fonte deste site.
Os profissionais do SAMU têm expertise para entender a cinemática do acidente, além de alta qualificação clínica.
O motorista acidentado teve dupla sorte ou recebeu dois milagres.
Sobreviveu ao acidente e foi atendido por um ortopedista experiente, que rapidamente identificou com seu olhar clínico a fratura pélvica, o conduziu rapidamente para o centro cirúrgico e o risco de morte foi afastado.
O paciente passa bem, segundo informação repassada à reportagem por uma fonte confiável.