Da Redação
A Bronca Popular
Na esfera política, a interpretação literal das declarações dos políticos não é aconselhável. Em vez disso, é mais eficaz decifrar sinais e prospectar o verdadeiro significado por trás de entrevistas e postagens nas redes sociais. Na manchete da edição desta terça-feira de A Gazeta, destaca-se: "Lula 'pede' e Fávaro crava; PSD vai apoiar nome petista na Capital".
Em uma declaração à Rádio Cultura FM, o senador licenciado e ministro da Agricultura explicou que a notícia teria surgido do faro jornalístico do empresário Dorileo Leal, que o contatou para tratar de outro assunto. Seria um furo de reportagem por coincidência ou uma informação antecipada em primeira mão ao dono do maior grupo de comunicação de Mato Grosso?
O apoio do PSD, solicitado pelo Planalto, a um possível candidato da coalizão de esquerda (PT, PCdoB e PV) na disputa pela prefeitura de Cuiabá possui implicações mais profundas do que aparenta. O presidente Lula é estratégico, astuto e baseia suas decisões nas pesquisas de tendência de voto. O experiente líder petista não se envolve em situações incertas. Ele sabe que a eleição em Cuiabá provavelmente se polarizará entre o bolsonarista Abílio Brunini (PL) e o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Eduardo Botelho, com Fábio Garcia (UB) com correndo por fora na sombra do bolsonarismo e com o discurso da direita na ponta da língua.
Para analistas, a orientação de Lula a Carlos Fávaro cria um cenário favorável a Botelho, com a condição de que este abrace a causa lulopetista, possivelmente com a ex-deputada federal Rosa Neide como sua vice. A esquerda mantém a união, e o PSD, integrante do governo Lula, não pode ter um candidato independente. Assim, a aproximação do PSD com a Federação, por imposição do presidente Lula, não exclui a possibilidade de Eduardo Botelho ingressar na sigla de Fávaro; ao contrário, favorece grandemente.
Nesse contexto, Botelho não apenas tem a opção do PSD, mas pode se tornar o candidato da base de Lula em Cuiabá, posicionando-se como favorito para derrotar o candidato bolsonarista Abílio Brunini. Lula ainda pode convocar o PSB de Geraldo Alckmin, além do PP e outros partidos do Centrão. Essa abordagem pode ser o trunfo de Botelho para persuadir o governador Mauro Mendes, presidente do União Brasil, a endossar sua pré-candidatura ao Alencastro, evitando assim tornar-se o candidato de Lula em Cuiabá.
Texto corrigido e atualizado às 9h50