Da Redação
A Bronca Popular
Em um pronunciamento inflamado na tribuna da Câmara de Quatro Marcos, nesta terça-feira (20), o vereador Luciano Cristóvão — o autointitulado “Seu Polícia” — encarnou a figura de mártir e tentou se projetar como a última reserva moral do município.
Num espetáculo de egocentrismo e delírio persecutório, apresentou-se como vítima de uma conspiração institucional.
Sobre sua condenação por assédio sexual e lesão corporal contra uma mulher com lúpus, o buliçoso policial civil teve a audácia de alegar que foi ele quem sofreu agressão — dentro de uma viatura. No entanto, o boletim de ocorrência diz o contrário: foi ele quem tentou enforcar a servidora, fato confirmado por exame de lesão corporal.
Durante o discurso, Seu Polícia reincidiu nos ataques à vítima e estendeu sua fúria a toda a estrutura de Justiça: afrontou o delegado que o indiciou, atacou a promotora que ofereceu a denúncia e desqualificou o juiz que o condenou a 1 ano e 5 meses de prisão em regime aberto.
Não satisfeito, disparou também contra o site que noticiou o caso, acusando-o — segundo sua ótica obtusa — de ser instrumento de políticos locais supostamente interessados em "denegrir a imagem" de um vereador que se vê em pleno processo de beatificação, tamanha sua autoproclamada santidade.
A tese de defesa sustentada por Luciano ofende a inteligência mediana de qualquer cidadão e configura deboche à sociedade e ultraje à dignidade das instituições de Justiça.
Por linhas tortas, ele afirma que o delegado errou ao indiciá-lo, que a promotora errou ao denunciá-lo, que o juiz errou ao condená-lo, que os desembargadores do TJMT erraram ao negar o recurso, e até que o ministro do STJ errou ao não acolher sua apelação.
Todos erraram. Só ele, o iluminado da tribuna, é o certo.
Uma narrativa incrível, surreal — que não convence ninguém. Seguramente, nem ele mesmo acredita na pilheria que pronunciou com tanta solenidade.
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