Edésio Adorno
Tangará da Serra
Ex-prefeito de Tangará da Serra, Fábio Martins Junqueira (MDB), mesmo com a saúde debilitada e com os direitos políticos suspensos pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT), se articula para voltar a cena política. O projeto político dele, segundo revelou a nossa redação um graduado dirigente do MDB, seria disputar no pleito de 2022 uma cadeira na Assembleia Legislativa (ALMT).
Como parte de sua estratégia eleitoral, Junqueira deve mirar na gestão do prefeito Vander Masson (PSDB) para sair do ostracismo, ganhar visibilidade e potencializar sua pré-candidatura a deputado estadual.
E os disparos já começaram.
No início da noite de ontem, o ativista digital Amauri Blanco compartilhou no grupo de WhatsApp TGA Agora, que é o mais efervescente da cidade, um texto atribuído a Junqueira, no qual ele dispara flechadas contra a imprensa, que ainda estaria de lua de mel com Vander, a gestão da saúde do município, ao próprio Vander e defende a locação pela prefeitura do prédio da antiga Clínica da Criança.
“Houve surto no hospital municipal logo que fecharam a Clínica da Criança. Pacientes não covid se contaminaram lá”, escreveu Junqueira. Essa informação foi negada pela assessoria de comunicação da prefeitura. “Não houve surto nenhum, o ex-prefeito está mal informado”.
Em outro trecho do texto, Fabio assume fazer lobby para o dono do antigo hospital Clínica da Criança.
“Teria que rever a locação do hospital Clínica da Criança para separar estruturalmente os pacientes de covid dos não covid”, escreveu. Em resposta ao que classifica como afirmação infundada de Junqueira, a assessoria de comunicação da prefeitura destaca que não existe mistura ou contato entre pacientes covid-19 e pacientes não contaminados pela doença.
O ex-prefeito escreveu ainda que “não há motivos para estar com leitos de enfermagem quase com 100 %, quando vc tinha um hospital inteiro disponível” para pressionar Vander Masson abrir os cofres e locar o prédio da Clínica da Criança.
Nossa reportagem indagou a um servidor zeloso e altamente qualificado da área de saúde, que atua no Hospital Municipal sobre a possibilidade de paciente covid-19 se inter-relacionar com pacientes portadores de doenças outras e a resposta desmonta a tese de Junqueira.
“Possibilidade zero. São alas diferentes, corredores diferentes, leitos diferentes, equipe diferente, entrada diferente. Só entra para a enfermaria covid-19 pacientes confirmados ou suspeitos. Outras patologias nem passam por lá”, escreveu em mensagem de texto.
Nossa fonte esclarece ainda que “isso pode acontecer em qualquer lugar, até dentro das nossas casas, pacientes assintomáticos com a perna quebrada, pode contaminar outra pessoa por exemplo, mas não propositalmente. Um profissional assintomático pode contaminar toda uma equipe. Isso é pandemia, do contrário não seria epidemia”
Por fim, a fonte destaca: “Isso aconteceu no início da pandemia dentro de um hospital particular, no lar dos idosos, empresas, gabinetes e por aí vai. Mas o foco é sempre o Hospital Municipal que está fazendo um trabalho magnífico. Interessado no tratamento adquiriu equipamentos de ponta, como respiradores, máscaras, monitores, Bipap, entre outros”.
Em jogo de esperteza política, Junqueira tenta empurrar Vander contra a opinião pública, empresários, comerciantes e trabalhadores das atividades econômicas que seriam prejudicados com medidas tipo lockdown ou outras ações mais duras de controle social. “São 3 semanas já seguidas que Tangará está no grau de risco muito alto. As medidas adotadas são muito singelas. Não aumentam a segurança”, afirmou.
Leia na íntegra o texto atribuído a Junqueira
Mas a sugestão é que as medidas deveriam ser proporcionais à gravidade da situação que o município se encontra. São 3 semanas já seguidas que Tangará está no grau de risco muito alto.
As medidas adotadas são muito singelas. Não aumentam a segurança.
Teria que rever a locação do hospital Clínica da Criança para separar estruturalmente os pacientes de covid dos não covid. A imprensa por estar ainda em lua de mel se calou, mas houve surto no hospital municipal logo que fecharam a Clínica da Criança. Pacientes não covid se contaminaram lá.
Não há motivos para estar com leitos de enfermagem quase com 100 %, quando vc tinha um hospital inteiro disponível..
Deixou de aproveitar a disposição do governo estadual em seu decreto e flexibilizou mais quando deveria ter sido mais rigoroso com o toque de recolher. Segundo informações de janeiro para cá deixaram o protocolo que vinha sendo usado até dezembro.
Deveria reforçar o uso do protocolo de hidroxicloroquina, etc. O fornecimento dos anticoagulantes também deveria ser mantido.