Da Redação
A Bronca Popular
O governo liderado por Javier Milei na Argentina divulgou um conjunto de medidas econômicas robustas, visando conter a crise e a inflação no país. O presidente decidiu pela desvalorização do peso, a suspensão de todas as obras públicas, o corte de subsídios de energia e transporte, além da redução de repasses às províncias. Paralelamente, está em andamento um plano para aumentar os programas sociais.
O anúncio foi feito através de uma mensagem gravada na noite desta terça-feira (12) pelo ministro da Economia, Luis Caputo. O vídeo, exibido com duas horas de atraso devido a regravações, era aguardado com grande expectativa pelo mercado e pela população desde a segunda-feira (11).
A incerteza em relação às primeiras medidas de Milei gerou uma corrida por produtos duráveis nas últimas semanas, comuns em tempos de instabilidade na Argentina. Os preços, que já haviam aumentado 143% em 12 meses até outubro, são esperados para registrar um aumento ainda mais significativo em novembro e dezembro, dado o cenário de volatilidade.
O porta-voz do governo, Manuel Adorni, adicionou outros cortes, incluindo a suspensão da propaganda oficial em meios de comunicação por um ano e uma redução de 34% nos cargos públicos federais, com uma diminuição de ministérios, secretarias e subsecretarias.
Além disso, o governo anunciou o fim do home office para o funcionalismo e o início de uma revisão de todos os contratos do Estado. Essas medidas foram recebidas com críticas, e sindicatos já programaram um grande protesto para os dias 19 e 20.
O Banco Central, agora presidido por Santiago Bausili, convocou uma reunião com os bancos para explicar as medidas antes da abertura dos mercados nesta quarta-feira (12). Caputo e Bausili são nomes ligados ao ex-presidente Mauricio Macri, que apoiou Milei no segundo turno.
Este anúncio ocorre em um contexto em que a Argentina enfrenta sua terceira grande crise econômica em 40 anos de democracia. O país busca soluções para um déficit persistente, uma dívida pública elevada, escassez de dólares e inflação em alta. Milei, durante a campanha, prometeu romper com esse ciclo, mas ajustou suas propostas após a eleição, mantendo um ministro da Economia contrário à dolarização.