Da Redação
Blog Edição MT
A prisão preventiva de Jair Bolsonaro, somada ao vídeo em que ele aparece admitindo ter danificado a tornozeleira eletrônica, pinta com tintas vivas um retrato que a direita tenta evitar: o bolsonarismo está encurralado, enfraquecido e politicamente isolado.
A semana começou com o clã sob suspeita e os aliados atordoados, incapazes de manter o ritmo das próprias pautas — inclusive o controverso projeto de anistia aos condenados do 8 de janeiro, que simplesmente perdeu tração.
Lindbergh Farias captou o clima ao ironizar o silêncio da oposição: o gesto do ex-presidente não apenas trouxe constrangimento, mas desmoralizou o discurso bolsonarista, minando qualquer tentativa de avançar com propostas que cheiram a autoproteção.
A direita, que sonhava com vitórias legislativas, agora se vê obrigada a recuar e justificar o injustificável.
A reação indignada do deputado Domingos Sávio — falando em perseguição e em “comparsas” de Alexandre de Moraes — já não mobiliza como antes. O discurso do martírio perdeu vigor diante da evidência concreta: o próprio líder danificou o aparelho que deveria monitorá-lo.
O pedido desesperado de Paulinho da Força para fatiar o projeto da anistia revela o óbvio: a pauta rachou, o bloco se desorganizou e o bolsonarismo perdeu capacidade de ditar o tom no Parlamento.
O silêncio de Hugo Motta reforça o isolamento.
A prisão de Bolsonaro não é apenas um fato jurídico — é um divisor político.
Isola aliados, expõe fissuras e coloca o movimento em seu momento mais frágil desde 2018. Enquanto o calendário eleitoral avança, o desgaste tende a se aprofundar. E, pela primeira vez, o bolsonarismo parece não estar apenas sob ataque: parece sem rumo.











