Da Redação
A Bronca Popular
O retorno da incidência de impostos federais sobre a gasolina e o etanol teve como consequência logica o aumento no preço dos produtos para o consumidor final. A decisão da equipe econômica do governo federal de retornar o Pis/Cofins e Cide sobre os combustíveis desagradou geral e causou verdadeira avalanche de reclamações e protestos nas redes sociais.
Assustado com a gritaria dos consumidores, o governo se esforça para terceirizar responsabilidade. Encontrar um bode expiatório foi a alternativa encontrada. Mais uma vez os postos de combustíveis entraram na mira dos órgãos de fiscalização (Procon, Polícia Fazendária e Secretaria Nacional do Consumidor).
Políticos, discursos demagógicos e a imprensa desinformada reforçam a imagem de vilania da rede varejista de combustíveis. Por lei, os postos são fiscalizados pelo Procon porque atendem diretamente o consumidor, mas quem fiscaliza as distribuidoras, além de ninguém? A resposta é ninguém mesmo.
Todos preferem colocar a rede varejista na linha de tiro, principalmente quem opina sem nada entender do completo mercado dos combustíveis.
A verdade
O que o consumidor não sabe é que os donos de postos trabalham dentro de uma camisa de força. Os preços são definidos pelas distribuidoras. O frete varia entre 0,12 a 0,14 centavos de real por litro para o empresário de Tangará da Serra. O etanol anidro tem cotação semanal CEPEA/ESALQ Mato Grosso.
A cotação do último dia 03 de março era de R$ 3,00, que é o valor médio cobrado pelas usinas das distribuidoras, que por sua vez entregaram aos postos já com o valor de R$ 3,15. Nesse valor deve ser incluído o preço do frete para retirar o produto na base de distribuição em Cuiabá, que varia entre 0,12 a 0,14 centavos / litro.
A margem de lucro do posto não pode ultrapassar 20% do preço do produto. A composição desse preço é simples de entender. O varejista paga na base em Cuiabá R$ 3,15, acrescenta o frete (R$ 0,14) chega-se ao valor de R$ 3,29 e aí aplica a margem de lucro, que pode chegar ao máximo a 20%. Ou seja, o posto pode vender o etanol até R$ 3,94.
Falácia do preço antigo
Setores da imprensa e ativistas digitais apregoam que os donos de postos de combustíveis deveriam repassar o estoque adquirido antes do reajuste com preço velho.
Essa receita estupida teria como consequência imediata o agravamento da crise no setor de combustível com inevitável fechamento de postos e demissão de trabalhadores. A razão é simples: o empresário não teria como repor o estoque, renunciaria sua margem de lucro e seria atropelado por boletos e fulminados por dívidas.
Por fim, qual outra atividade comercial é obrigada a vender seu estoque com o preço antigo mesmo sabendo que o fornecedor foi obrigado a reajustar sua mercadoria?