EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
Quem vê a propaganda da prefeitura de Tangará da Serra na imprensa e nas redes sociais não imagina que a população da cidade padece com a precariedade da infraestrutura urbana. Saneamento básico é uma ficção.
Em dezenas de bairros, o Samae enterrou a tubulação coletora de esgoto residencial ainda na primeira gestão do prefeito Fábio Martins Junqueira (MDB). Infelizmente, por razão que a própria razão desconhece, as casas não podem ser interligadas na rede de esgoto. A população paga para desentupir fossa e paga pelo financiamento da obra.
Impossível fazer um quantitativo das ruas que estão intransitáveis, sulcadas por buracos e até crateras. Em período de estiagem, a poeira gera desconforto aos moradores. Quando a chuva cai, tudo se transforma em poças de lama.
É verdade que a precipitação da chuva também melhora a umidade relativa do ar e ameniza o calor. Mas tem lá seu inconveniente.

“Cheios de água parada, os buracos das ruas viram perigosas armadilhas para condutores de carros, de bicicletas e, principalmente para motociclistas”, diz um morador da Vila Portuguesa
Enquanto a população protesta, a propaganda da prefeitura anuncia que houve recuperação do pavimento antigo e que melhorias foram realizadas em todos os bairros. A peça grandiloquente de propaganda enfatiza: “E vem muito mais por aí”.
E emenda:
“A prefeitura (...) trabalha para trazer AINDA mais progresso para nossa gente”. O emprego do adverbio aí (ainda) é para tonificar a promessa de muito mais progresso para Tangará da Serra. Ironicamente, o distrito de Progresso experimenta amargo ciclo de retrocesso imposto pela inércia do governo Fábio Martins Junqueira.
A indiferença do chefe da Sinfra, Zé Bernardino e a falta de insensibilidade do diretor do Samae, Wesley Lopes Torres, apenas potencializam o drama daquela população.
Pois bem!

Como o progresso alardeado pela propaganda do prefeito ainda não chegou no distrito de Progresso, o representante da localidade na Câmara Municipal, professor vereador Vagner Constantino (PSDB), resolveu rasgar o verbo e mostrar por meio de imagens – mais de 60 fotos – os principais problemas que comprometem a qualidade de vida dos moradores do Progresso, que desconhecem o progresso propagandeado pela equipe de marketing de Junqueira.
O progresso alardeado pela propaganda do prefeito ainda não chegou no distrito de Progresso
A Sinfra construiu a rede de galeria de captação de águas pluviais, mas não pavimentou as ruas. A enxurrada causada pelas águas da chuva arrasta terra, material orgânico, lixo e tudo que encontra pela frente para o interior da tubulação.
“Essa material é jogado na nascente do córrego Ararão, que se não for salvo pelo Ministério Público Estadual, deve morrer sufocado por assoreamento”, alerta Constantino.
O prefeito Fábio Junqueira não precisa fazer malabarismo para levar ‘progresso’ ao distrito de Progresso. Basta cumprir o artigo 6º da Lei Nº 5.151, que foi aprovada pelos vereadores em 12 de julho de 2019. Para facilitar a compreensão do leitor, destaco que a redação do artigo 6º foi usada como justificativa para a provação da lei Nº 5.151/2019.
Vejamos o que lá consta:
Art. 6º - “(...) o objeto deste projeto de lei especial visa possibilitar aquisição de combustível e realização de pavimentação asfáltica previstas (sic) nos seguintes bairros: ruas paralelas da Lions Internacional, residencial Alto da Boa Vista, Jardim Aeroporto, Jardim São José e Distrito de Progresso e ainda a continuidade de tapa buraco nos demais bairros municipais”

Dinheiro para realizar pavimentação e manutenção de vias urbanas e rurais não é problema. Os vereadores aprovaram, por meio da lei já mencionada, abertura de crédito especial de R$ 6,6 milhões na Lei Orçamentária Anual (LOA). Vagner Constantino destaca que outra suplementação de R$ 5,6 milhões também foi aprovada pelos parlamentares.
Constantino resume o drama dos moradores do distrito de Progresso: “Ruas em total estado de abandono. Moradores sem poder entrar em suas casas, por crateras abertas pelas águas das chuvas. Não sabemos porque a Secretaria de Obras, que é gerida pelo Senhor José Bernadino, não faz sua parte”, afirmou o vereador