Da Redação
A Bronca Popular
O Ministério dos Transportes apresentou uma proposta que pode finalmente democratizar o acesso à Carteira Nacional de Habilitação (CNH): permitir que o candidato estude por conta própria, com material disponibilizado pelo governo, e realize o treinamento prático com instrutor particular credenciado ou motorista experiente dentro das normas legais — tudo sem a obrigatoriedade de frequentar uma autoescola.
A medida busca reduzir custos, simplificar o processo e abrir portas para milhares de trabalhadores que simplesmente não conseguem pagar os valores abusivos cobrados hoje. Para muitos brasileiros, o preço da habilitação é um obstáculo real para conquistar empregos melhores, especialmente em áreas que exigem a CNH como pré-requisito.
Apesar disso, alguns parlamentares de Mato Grosso insistem em caminhar na contramão do interesse público. A deputada federal Coronel Fernanda e o deputado José Medeiros criticaram a proposta, defendendo a manutenção integral do modelo atual. Eles alegam que as autoescolas geram empregos e movimentam a economia — argumento que ignora o drama social de quem é excluído da qualificação profissional por falta de dinheiro.
O senador Wellington Fagundes (PL) foi além: afirmou que, como o Brasil registra mais de 40 mil mortes no trânsito por ano, não há motivos para mudar nada. O raciocínio é, no mínimo, contraditório. Se temos uma das maiores taxas de acidentes do mundo mesmo com a obrigatoriedade de autoescolas, isso demonstra que o sistema atual falhou em produzir motoristas realmente preparados. Como dizem os defensores da proposta: “se as autoescolas fossem tão essenciais, não estaríamos entre os países que mais matam no trânsito.”
Em vez de lutar por alternativas mais acessíveis, mais modernas e mais alinhadas às realidades sociais, esses parlamentares parecem preferir proteger interesses econômicos específicos — deixando o trabalhador comum no fim da fila.
A mudança proposta pelo Ministério dos Transportes não elimina o ensino, não elimina a fiscalização, não elimina o rigor. Apenas devolve ao cidadão a possibilidade de escolher como quer se preparar, pagando menos e com mais autonomia. Em um país onde a CNH pode custar o equivalente a meses de salário, defender o modelo atual sem considerar o impacto social é fechar os olhos para a desigualdade.
A discussão é legítima. O perigo é manter privilégios e travar o acesso de quem mais precisa — tudo em nome de um sistema que já provou não funcionar como deveria.












