EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
No ambiente empesteado do Congresso Nacional forças distintas e antagonistas recrudescem a batalha de narrativas e intensificam os esforços para impor suas agendas políticas.
Duas propostas de criação de CPI delimitam o terreno da peleia e desnudam os interesses subjacentes de deputados e senadores.
No senado, 27 parlamentares articulam a Lava Toga para passar a limpo decisões de ministros do STF.
Na Câmara, 175 deputados assinaram pedido de criação da Vaza Jato para investigar supostas irregularidades praticadas por procuradores e pelo então juiz Sérgio Moro no curso da força-tarefa da Lava Jato.
A senadora Selma Arruda é considerada uma lavajatista convicta e intransigente. Ainda durante a campanha eleitoral, a ex-juíza foi epitetada de “Sergio Moro de saia”. O apelido foi em reconhecimento a sua atuação destemida e implacável contra a corrupção em Mato Grosso.
Selma já foi marcada para morrer, para perder a eleição e, por último, para ser banida do senado. A bandidagem incrustrada nos poderes da República jamais vai deixa-la em paz. A explicação está na Lei de Newton: “para cada ação, uma reação de igual intensidade em sentido oposto”.
Fosse a senadora Selma Arruda uma qualquer, já teria se rendido aos caprichos das máfias que circundam os poderes da República e tornam o ambiente empesteado do Congresso fétido e nauseabundo. Ela se mantém firme no propósito de combate sem trégua a corrupção.
O PSL, partido pelo qual foi eleita senadora, saiu dos trilhos, se colocou decúbito ventral para os senhores do establishment político e econômico. Alcolumbre e Maia assumiram o domínio do partido do presidente Jair Bolsonaro. As bandeiras de defesa da moralidade na administração pública, de combate a corrupção e de apoio a operação Lava Jato foram colocadas para escanteio em nome da tal governabilidade.
Entre a rendição e a manutenção da dignidade, Selma seguiu a orientação de Napoleão Bonaparte. Optou por viver um dia em pé do que passar a eternidade ajoelhada. Não se vende, não se rende, não se queda, não se curva e nem tergiversa.
Retirar a assinatura do pedido de criação da CPI da Lava Toga seria um bom negócio político para quem faz do mandato parlamentar um instrumento de barganha.
Não é o caso da senadora Selma.
Ela jamais se tornaria presa de mercadores de vantagens judiciais. A parlamentar espera por um julgamento justo no TSE porque acredita na honradez, na lisura e na seriedade dos ministros daquela Corte eleitoral.
Durante toda essa semana, a senadora Selma Arruda recebeu a solidariedade de políticos de elevada estatura moral, como os senadores Jorge Kajuru, Lasier Martins e Eduardo Girão, além de manifestação de apoio de deputados federais e de lideranças de Mato Grosso.
A parlamentar também foi destaque na imprensa nacional. Ao Estadão, ela confirmou que deixa o PSL e se filia, na próxima quarta-feira, ao Podemos, que no estado é comandado pelo deputado José Medeiros.
Enquanto o senador Flavio Bolsonaro, que é filho do presidente Jair Bolsonaro, se esforça para enterrar a CPI da Lava Toga, a senadora Selma defende a investigação de ministros do STF. Para não trair seus eleitores e preservar incólume os valores e princípios que defende, Selma preferiu deixar o PSL.
No partido do senador Álvaro Dias, a senadora terá espaço garantido para continuar empunhando a bandeira de combate a corrupção. A Lava Toga faz parte desse compromisso com o Brasil e com Mato Grosso.
Maria Cristina Lins Azi 14/09/2019
Que bom, senadora Selma. Que Deus te abençoe e proteja de todo mau.
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