Natália André e Anna Satie
CNN Brasil
O Brasil tem 77 mortos pelo novo coronavírus (COVID-19), além de 2.915 casos confirmados, informou nesta quinta-feira (26) o Ministério da Saúde.
Hoje se completam 30 dias desde a confirmação do primeiro caso no país. A data marca também o retorno do crescimento no número de casos novos no país, com avanço de 20% entre ontem (25) e hoje após três dias de queda. Só nesta quinta, foram adicionados 482 novos pacientes.
Segundo o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo dos Reis, o Brasil provavelmente está entrando na "fase crítica" da pandemia e não deve ter redução de casos nos próximos 30 dias.
"Vamos ter 30 dias muito difíceis", afirmou Gabbardo. "Quanto mais testes fizermos, maior será a quantidade de casos. Temos que levar em conta a questão da transmissibilidade e dos testes. Não faremos previsão, vamos fazer o possível para termos o menor número de casos e vítimas."
Apesar do avanço, o Ministério da Saúde considera que o comportamento da doença está dentro dos parâmetros esperados, com casos novos crescendo em taxa inferior a 33%.
O ministério também anunciou hoje o lançamento de um número de WhatsApp para responder dúvidas sobre o coronavírus — (61) 9938-0031 —, além de um e-mail para receber doações para o combate à pandemia: [email protected].
Casos nos estados
O estado de São Paulo continua sendo o mais afetado pela pandemia no Brasil, com 1.052 casos e 58 mortes.
Com o boletim de hoje, o Brasil passa a ter vítimas do novo coronavírus em todas as regiões do país. Além dos mortos em São Paulo, houve óbitos no Rio de Janeiro (nove), Pernambuco (três), Rio Grande do Sul (um), Santa Catarina (um) e Amazonas (um).
Também há casos confirmados em todos os estados. Depois de São Paulo, os que têm mais casos são Rio (421), Ceará (235), Distrito Federal (200) e Rio Grande do Sul (168).
Número de casos do novo coronavírus no Brasil nesta quinta-feira (26)
Epidemias simultâneas
O secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, lembrou que o país está entrando no período em que aumentam os casos de doenças respiratórias.
"Temos que nos preocupar além do COVID-19", disse. "O pico do COVID-19 será no mesmo período do pico do influenza [gripe]. Será a tempestade perfeita."
Oliveira disse que viveremos três epidemias simutâneas: o coronavírus, influenza e dengue. O secretário pediu para que a população aproveite o período de isolamento para limpar quintais e prevenir a dengue.
Gravidade dos casos
Segundo o governo, até as 17h30 de quarta-feira (25), havia 205 internados por COVID-19 em enfermarias no Brasil, e 194 em UTIs.
Nesses 30 dias, o Ministério da Saúde registrou mais mortes entre pessoas com mais de 70 anos, mas o pico é atingido com idosos com mais de 80 anos.
De acordo com o governo, dos 391 casos hospitalizados no Brasil desde o dia 17, quase 90% foram graves (341). Destes, 58% são homens e 42% mulheres. Entre as mortes, a discrepância entre gêneros é ainda maior: 68% de homens contra 32% de mulheres.
O Ministério da Saúde também detalhou as doenças crônicas mais frequentes entre os pacientes graves e as vítimas da doença. São elas cardiopatia, diabetes, imunodepressão e pneumopatia, nesta ordem.
"Isso tem relação com todas as ações que estamos falando sobre qual grupo deve se cuidar mais. Aqui está muito claro: pessoas acima de 60 anos e pessoas de qualquer idade que tenham essas condições de saúde devem se cuidar com maior intensidade", disse Oliveira.
O governo lançou uma nova plataforma de acompanhamento da evolução da doença no Brasil. Além dos casos confirmados e óbitos por estado, a plataforma exibirá o número de pessoas que foram internadas e e se recuperaram.
Os munícipios e os estados passam a ter, a partir da 0h de hoje, acesso direto e total autonomia na atualização de números de sua própria região. Isso significa que os dados devem ser mais próximos da realidade, acabando com as diferenças dos números nacionais em relação aos das secretarias estaduais.