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POLÍTICA Sábado, 25 de Abril de 2020, 01:58 - A | A

25 de Abril de 2020, 01h:58 - A | A

POLÍTICA / SE DEU MAU

Deputada tenta corromper Moro e leva invertida na lata: “não estou a venda”

EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra



A eleição da ativista social Carla Zambelli (PSL-SP) a deputada federal foi o resultado da combinação de quatro fatores: o impeachment de Dilma Rousseff, a força da Lava Jato, a onda de combate a corrupção e o fenômeno eleitoral chamado Jair Bolsonaro. Mesmo nesse ambiente propicio ao surgimento de figuras populistas, Zambelli teve apenas 76.36 votos. Uma votação inexpressiva para os padrões de São Paulo, que é o maior colégio eleitoral do pais, com mais de 33 milhões de eleitores.  

Mas Zambelli chegou lá.

É uma deputada aliada do presidente Jair Bolsonaro. Formalmente, ela se diz liberal, conservadora e defensora dos valores da família. Combater a corrupção e defender a moralização da máquina pública foram alguns de seus compromissos de campanha eleitoral.  

Como entre o formal e o substantivo há uma diferença conceitual bem expressiva, Zambelli deixou vazar nas redes sociais um áudio, no qual confessa ter sido beneficiada com a liberação de uma emenda parlamentar de R$ 5 milhões por ter votado favorável a reforma da Previdência.  

Bozo e Zambelli.jpg

 

“Só consegui essa verba e indiquei para a saúde do estado porque houve uma verba suplementar por conta da reforma da Previdência. Então, todos os deputados que votaram a favor da reforma da Previdência tiveram alguma verba que poderiam tirar de alguns ministérios para poder mandar para alguma cidade", diz o áudio atribuído a Carla Zambelli.

Sabe qual foi, além de nenhuma, a atitude da Comissão de Ética e Decoro parlamentar da Câmara dos Deputados? nenhuma, mesmo! Sem sofrer nenhuma reprimenda pela confissão escancarada de negociar o voto parlamentar em troca de emendas, Zambelli acaba de ser denunciada pela prática de mais um ato atentatório ao decoro parlamentar.  

Na coletiva em que anunciou a saída do governo, Sergio Moro fez comprometedoras acusações contra o presidente Jair Bolsonaro. Mais tarde, também em coletiva, Bolsonaro desqualificou as denúncias de Moro e partiu para o ataque. Segundo Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça teria tentado negociar a demissão de Mauricio Aleixo da diretoria-geral da Polícia Federal a sua indicação para o STF.    

O Jornal Nacional, da TV Globo, recebeu o print de um diálogo com o presidente Jair Bolsonaro e outro de conversa com a deputada Carla Zambelli. Moro não apenas desmentiu Bolsonaro, mas comprovou que partiu de Zambelli a proposta de trocar a demissão de Maurício Valeixo, então diretor-geral da Polícia Federal, pela indicação ao STF    

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O telejornal mostrou a troca de mensagens entre Moro e Zambelli, deputada aliada do presidente Jair Bolsonaro, na qual a parlamentar pede que o então ministro aceite a indicação para que Alexandre Ramagem (diretor da Abin) assuma a direção da PF. Ela, então, se se compromete a convencer o presidente a indicar Moro ao STF caso ele assinasse a exoneração de Valeixo.    

A reação de Moro a tentativa da deputada Zambelli de corrompe-lo foi uma invertida desconcertante: “não estou a venda”, declarou o ex-juiz da Lava Jato, que se tornou conhecido e respeitado no mundo exatamente por mandar para a cadeia corruptos da administração pública e da iniciativa privada.

Depois que o print da conversa indecente foi divulgado pelo JN, Zambelli fez uma live para chorar as pitangas.

Se a deputada foi injustiçada, então o Lula merece ser perdoado. Afinal, tráfico de influência e advocacia administrativa são crimes contra a administração pública tão abomináveis quanto a corrupção.  

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