EDÉSIO ADORNO
Da Editoria de Política
A execução festiva da senadora Selma Arruda, transmitida ao vivo para o mundo, nos empurra de volta para as trevas do medievo e mostra de forma crua que a sociedade continua tacanha, hipócrita e farisaica.
A história sempre foi assim!
O profeta Daniel foi jogado na cova dos leões por ter sido flagrado orando a Deus. Selma Arruda foi aplaudida e reverenciada pela turba da mídia enquanto comandava o purgatório da 7º Vara Criminal.
Se aposentar do judiciário, disputar uma eleição contra as maiores fortunas de Mato Grosso e conquistar uma cadeira no senado da República foi seu próprio purgatório.
Os escribas e justiceiros, quando consultados, escolhem Barrabás e aplaudem o martírio de Cristo na cruz. O ladrão será sempre o preferido dessa laia de gente!
O Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJ-MT) e o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) são as faces de uma mesma instituição, o poder judiciário. Um poder desgastada e a beira da desmoralização pública, conforme evidenciam seguidas manifestações nas ruas e nas redes sociais.
A imagem desse judiciário carcomido sofre desgastes desde o assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral, no Paraguai. De lá para cá, outros fatos se sucederam e contribuíram para reduzir a confiança pública nesse imprescindível poder republicano.
A aposentadoria compulsória de uma dezena de magistrados por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por suspeita de desvio de dinheiro do TJMT, não encerrou o ciclo de lambanças na corte de justiça.
Dois desembargadores e dois juízes de Mato Grosso foram pilhados pela Polícia Federal, no âmbito da operação Asafe, sob suspeita de venda de sentença no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-MT) e no Tribunal de Justiça (TJMT).
Mais recentemente, o advogado Elarmim Miranda, em sustentação oral, acusou três desembargadores de suposto recebimento de propina. E ainda mais recente, o presidente do TJ-MT, Carlos Alberto Alves da Rocha, desafiou a sociedade e garantiu sem o menor constrangimento a posse do mega corrupto Guilherme Maluf no cargo de conselheiro do TCE/MT.
As hienas acampadas nos entornos da Corte Eleitoral querem se banquetear com a carcaça de Selma Arruda. Estão prontas para devorá-las ainda viva. Vão conseguir?
Os leões da corte podem abater Selma. Mas as hienas, que são mais ladras que predadoras, estão dispostas a roubar a presa abatida e devorá-la como resultado de uma caçada bem sucedida. Aguardemos!