EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Guilherme Maluf, que é réu no TJMT por corrupção, formação de quadrilha, peculato e obstrução de justiça, determinou a suspensão de uma licitação lançada pela Prefeitura de Juruena para registro de preços e futura contratação de empresa fornecedora de óleo diesel comum e S10 pelo período de 12 meses.
A decisão de Maluf teve como base uma denúncia proposta pela própria Corte de Contas, que teria apontando irregularidade grave no certame.
De acordo com a denúncia, a projeção de compra estaria 320% acima da média de combustíveis utilizada nos últimos dois anos.
O gasto estimado seria de R$ 3,4 milhões.
Quando candidato a deputado estadual, Maluf deve ter mandado algum preposto pescar votos em Juruena. Pessoalmente, não deve conhecer a realidade do município, assim como os burocratas do TCE não conhecem a situação precária das estradas vicinais e das rodovias que cortam o noroeste do Estado.
O trecho da rodovia MT-170, que liga Juruena a Castanheira, é de terra batida. No período de chuvas, lama e atoleiros praticamente interrompem o trafego de veículos e de caminhões. Na estiagem, a poeira coloca em risco a vida de condutores e de passageiros. A região é completamente esquecida pelo governo do estado.
Pedro Taques prometeu e não cumpriu a promessa de pavimentar o trecho da BR-174 que liga Juruena a Colniza. O vice de Taques, Carlos Fávaro, também participou da enganação aos prefeitos do Consórcio Juruena. O trecho de 116 Km da rodovia MT-208, que liga Juruena a Aripuanã, também é de terra batida.
Maluf e os tecnocratas do TCE não sabem que devido à ausência do estado, os municípios da região noroeste de Mato Grosso consomem parte de sua arrecadação com manutenção de rodovias estaduais. Também não devem saber que diesel é o principal insumo utilizado na recuperação de rodovias não pavimentadas.
Suspender para checar a existência ou não de irregularidade no processo licitatório é uma coisa. Outra bem diferente é dar publicidade a decisão e lançar o nome da prefeita Sandra Crozetta (Pros) no turbilhão das redes sociais.
Trata-se de uma decisão com base em análise superficial. A gestora sequer foi ouvida. Suas razões ainda não foram encartadas no processo. Maluf pode ter se precipitado. Uma precipitação que pode custar muito caro ou a vida de quem depende das intransitáveis rodovias da região.
De acordo com o edital, a prefeita Sandra pretende adquirir 175 mil litros de óleo diesel comum e outros 588 mil litros de diesel S-10. Percebe-se, por obvio, tratar do combustível indispensável ao funcionamento de maquinas e caminhões empregados na manutenção de estradas. O diesel também é usado no transporte escolar de crianças da zona rural.