Da Redação
A Bronca Popular
O prefeito de Cuiabá, Abílio Brunini (PL), convocou a população para mutirões de limpeza durante a semana de aniversário da cidade, entre os dias 1º e 8 de abril, quando a capital mato-grossense completa 306 anos.
A iniciativa, que poderia ser louvável se partisse da própria sociedade, escancara uma contradição interessante: o chefe do Executivo municipal, responsável pela gestão dos tributos pagos pelo povo, agora chama os próprios contribuintes para fazer o trabalho que deveria ser garantido pela sua administração.
A prática do mutirão sempre foi uma ferramenta estratégica da esquerda, usada para mobilizar comunidades, expor falhas governamentais e oferecer soluções para problemas locais.
Foi assim com o ex-governador de Goiás, Iris Rezende, e também com Wilson Santos, que chegou à Câmara de Vereadores de Cuiabá impulsionado por mutirões comunitários, ajudando a construir postos de saúde, centros comunitários e outras infraestruturas em bairros periféricos.
Agora, com Brunini, a lógica se inverte: ao invés de denunciar a ineficiência da gestão pública, o mutirão passa a ser uma espécie de "trabalho comunitário compulsório", onde os cidadãos pagam impostos e ainda são chamados para garantir a limpeza da cidade.
Uma forma engenhosa de manter a máquina pública funcionando sem onerar os cofres municipais—afinal, o voluntariado da população sai bem mais barato do que investir em estrutura adequada.
Mas há algo de positivo nisso tudo: ao menos, a tradição do mutirão segue viva. E, quem diria, até a extrema direita descobriu que a coletividade tem seu valor. Mesmo que seja para fazer o trabalho que ela mesma deveria entregar - já que governa a cidade.