Da Redação
G1/GloboNews
O ex-ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirmou em entrevista à Globonews que fraudes envolvendo desvios de recursos públicos da saúde, que deveriam ser aplicados em ações de combate ao novo coronavírus, 'são quase como um genocídio'.
A entrevista foi dada na noite de domingo (5) ao GloboNews Debate. Na ocasião, Moro foi questionado sobre a avaliação da passagem dele pelo governo de Jair Bolsonaro, as perspectivas para o futuro e os caminhos para o combate à corrupção e à criminalidade.
Sobre as denúncias de corrupção na saúde, alvo do Ministério Público e da Polícia Federal nos estados, o ex-juiz disse que como cidadão se sente mal. "Nenhuma sociedade vive com níveis tão gritantes de corrupção ou impunidade", disse.
Ele avalia que o legado da Lava Jato no combate aos crimes praticados pelos políticos deveria ser uma sociedade que fiscaliza mais seus agentes públicos. Para Moro, a expectativa também é que as pessoas não pratiquem esses crimes com tanta naturalidade, como no passado.
"Ver situações que podem envolver desvios de recursos públicos para a compra de equipamentos ou material para salvar vidas, o desvio desse tipo de recurso, não vou dizer que é um crime lesa a pátria, é quase uma crime de genocídio. Você deixar as pessoas ao desamparo, aproveitando a fragilidade e a vulnerabilidade do sistema de controle, ou dessa urgência decorrente da pandemia para ter esse tipo de comportamento. Vejo com grande pesar", afirmou.
Ele ainda destacou o papel da sociedade como fiscalizador do papel dos governantes e diz que as suspeitas de corrupção na saúde, que motivam operações da polícia desde abril, deixam uma lição.
"Por mais lamentável que seja, eles nos dão uma lição importante combater a corrupção. Nos ensina a estar sempre vigilantes ao comportamento dos nossos governantes e agentes públicos. A população tem que ser fiscal ao comportamento dos servidores públicos", concluiu.