EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
O alegado caos que a saúde pública de Tangará da Serra enfrenta é agravado pelo cartel Unimed/Doyon/Santa Ângela. Nenhum plano privado de saúde consegue furar esse bloqueio. A Doyon pratica preços que chegam a ser 100% superior aos praticados em Cuiabá para exame exatamente igual.
A UTI Neonatal do Santa Ângela é outro caso vergonhoso. Leite especial são fornecidos pelos próprios pais, muitas vezes gente pobre da periferia ou de cidades distantes. A diária nessa UTI, que nem alimentação fornece, custa ao estado R$ 1.300 reais. Um absurdo.
Não pense que a UTI adulto do Santa Ângela justifica a montanha de dinheiro que recebe do governo do estado. No hospital das Clínicas a situação não é diferente. Nenhum dos dois nosocômios tem convênio com o Ministério da Saúde (MS). Não são habilitados porque não atendem as normas da vigilância sanitária.
Se fossem conveniados com o SUS, o Ministério da Saúde repassaria R$ 500 e o governo do estado completaria o restante. Sem essa contrapartida do governo federal, o governo do estado paga sozinho R$ 1,300 reais pela diária.
Segundo uma fonte do site, os hospitais das Clinicas e Santa Ângela não dispõe dos equipamentos imprescindíveis ao funcionamento de uma UTI. Há também carência de profissionais especializados. “Nessas unidades não existem neurologista e nem neuropediatra. Se precisar de qualquer atendimento especializado, a saída é a rodovia MT-358 e o destino é Cuiabá”.
Outro detalhe grave, as UTIs de Tangará da Serra não dispõem de leito de retaguarda ou sala de recuperação. Paciente com alta de UTI é despachado para o hospital municipal, que ocupa vaga de quem precisa. O município ainda arca com medicação cara e assume outros gastos acessórios. “Um paciente de UTI só deveria deixar o hospital para retornar a sua moradia”, diz a fonte
Em síntese, as UTIS de Tangará da Serra, segundo informações colhidas pelo site, não tem qualificação necessária. A quantidade de equipamentos é insuficiente. Faltam profissionais com especialização e não atendem as normas da vigilância sanitária.
No final de junho, o hospital Santa Ângela recebeu quase R$ 1,8 milhão da secretaria adjunta de Aquisição e Finanças da Secretaria de Estado de Saúde. Na mesma data, o hospital das Clínicas recebeu R$ 415.870.00.
Defender os interesses financeiros de hospitais privados nem sempre ou quase nunca significa defender os interesses das pessoas pobres que dependem da saúde pública.
Nota da redação:
No dia 26 de junho falei com o cidadão Emilio, responsável pelo hospital Santa Ângela. Ele se comprometeu a receber nossa reportagem para mostrar a UTI e responder os questionamentos que fizemos. Emilio deve ter se esquecido do compromisso. O site não esqueceu da obrigação de levar informação com responsabilidade aos seus leitores.