Da Redação
Retratos da Comunidade
A cama do casal não é só um lugar para dormir, descansar, repor as energias. Ela deveria ser o refúgio, o encontro, o espaço onde os corpos se tocam e os pensamentos se entrelaçam. Mas, hoje, cada um se estende de um lado, olhos presos à tela do celular, vibrando com filmes, pegadinhas ou curiosidades.
O corpo repousa, mas a mente navega pelo ciberespaço, distante, alheia ao que acontece ali mesmo, ao lado.
No lugar dos abraços, das carícias, das conversas ou do sexo, cada gesto de conexão se dissolve na luz azul da tela. O mundo real, o outro que está ali, presente e silencioso, é relegado a um plano secundário, até que o sono chega e anestesia tudo, transformando a cama em mero palco para descansar.
Quem vive assim, ausente, perdido nesse mundo virtual, pode observar tudo que acontece fora, mas já não vê o que está ao lado. O amor, que marca e suaviza a vida, evapora silencioso, e o casamento, ignorado, caminha para ruínas.
Rir das bobagens do mundo online pode parecer divertido, mas, cedo ou tarde, a realidade bate à porta: no espaço físico, ao lado, alguém precioso se foi, enquanto você ainda desliza o dedo pela tela. A cama, que podia ser santuário, tornou-se apenas uma superfície para dormir — e para perceber, tarde demais, a ausência do que realmente importa.










