Da Redação
A Bronca Popular
O jornalista Fábio Pannunzio fez revelações impactantes sobre os bastidores da TV Globo durante o período em que trabalhou na emissora, entre 1986 e 1991. Em entrevista ao podcast Cultiva Cast, do Instituto Cultiva, ele afirmou que, na época, a direção de jornalismo proibia gravações em favelas e evitava mostrar cenas de pobreza no país.
“A gente não podia filmar favelas. Era proibido pela direção de jornalismo, porque era visto como algo feio, que mostrava pobreza”, disse Pannunzio.
Segundo o ex-repórter, também havia uma política de padronização da fala que impedia profissionais com sotaques regionais marcantes de aparecer no ar. “A emissora lotava as redações de pessoas com sotaque neutro, porque não aceitava o sotaque nordestino. Era uma postura xenófoba”, criticou.
Pannunzio citou a jornalista Glorinha Beuttenmüller (1925–2024) como responsável por treinar repórteres para eliminar traços regionais da fala. Apesar de reconhecer avanços, ele afirmou que o poder na emissora segue concentrado nas mesmas famílias.
“Hoje, as posições de comando estão nas mãos dos filhos de grandes jornalistas da casa. É uma verdadeira ‘filhocracia’ na mídia corporativa”, concluiu, mencionando os sobrenomes Leitão e Marinho como exemplos.
Fonte: Podcast Cultiva Cast / Instituto Cultiva.
