A estação do ano que faz a transição entre o inverno e o verão não é marcada somente pelo aumento de flores nas cidades. Em razão do tempo mais seco, aumento da temperatura e da baixa umidade, existem doenças comuns na primavera que tiram o sono de inúmeras famílias.
Nesta época do ano, a saúde de pessoas alérgicas a pó, pólen e poluição geralmente fica ainda mais sensível. O pólen se desprende das flores e fica pelo ar, facilitando que as pessoas entrem em contato com ele, o que pode causar irritações. Entre os afetados, os que mais sofrem são as crianças e idosos, além dos portadores de doenças crônicas.
A prevenção ao surgimento dessas doenças se faz através de bons hábitos de higiene – como a lavagem frequente das mãos, ingestão de bastante água, evitar locais de aglomeração, mantendo o ambiente limpo e arejado com janelas abertas. A entrada de sol em lugares ventilados elimina fungos e ácaros, evitando rinites, corizas, coceira e alergias.
Vale destacar ainda que, ao retirar as roupas leves do fundo do armário, que estão sem ser usadas há um bom tempo, é recomendado lavá-las antes de usar para eliminar fungos e ácaros presentes nelas. É recomendado também suspender o uso de tapetes durante este período do ano.
Além de desencadear agravos respiratórios, o aumento de substâncias irritantes no ar também pode levar ao surgimento da conjuntivite, que é uma inflamação na mucosa que reveste o globo ocular e causa vermelhidão, lacrimejamento e sensibilidade à luz. O cuidado com a higienização das mãos, principalmente antes de tocar no nariz, boca e olhos, e a limpeza do ambiente são os meios de melhor prevenção.
Conheça as doenças mais comuns:
Rinite alérgica: parece um resfriado, com a diferença que o paciente sente coceira no nariz, nos olhos ou na garganta e os sintomas são mais persistentes do que um resfriado comum. Ela é a alergia mais comum nas crianças, atingindo cerca de 30% delas. A rinite alérgica é desencadeada por fatores como ácaros, pólens e caspas (epitélio) de animais.
A variação climática, a poluição e o tempo seco pioram os sintomas. Normalmente, a criança com rinite é geneticamente predisposta: se um dos pais for alérgico, a criança tem 30% de chance de também ser. Se os dois pais foram alérgicos, a criança tem 80% de chance de ser. O tratamento depende dos sintomas: se eles acontecem apenas nas crises ou se são bastante frequentes. Para tratar crises, são utilizados anti-histamínicos.
Em casos mais persistentes é necessário tratar de forma contínua com corticoide nasal. Mas estes medicamentos dependerão da idade da criança. Como medida de prevenção, deve ser feita lavagem nasal com solução fisiológica.
Conjuntivite alérgica: A conjuntivite é a inflamação da membrana que cobre o olho. Ela pode acontecer por diversos motivos, como uma infecção viral, bacteriana, irritação química ou ainda uma reação alérgica.
A conjuntivite alérgica pode ter como fator desencadeante poeira, ácaros, caspas de animais e pólens, por isso acontece com frequência na primavera. Frequentemente está relacionada à rinite alérgica. Ao contrário das conjuntivites virais e bacterianas, a alérgica não é transmissível. Geralmente o tratamento é feito por colírios, mas é muito importante consultar um especialista para o diagnóstico correto do tipo de conjuntivite.
Roséola: é uma infecção viral infecciosa bastante comum, que causa febre e erupções cutâneas (manchas vermelhas na pele), principalmente em crianças entre os seis meses e três anos de idade. Ela normalmente não é grave e gera alguns dias de febre antes das erupções começarem. Raramente, no caso de febre muito alta, pode existir alguma complicação.
Algumas crianças têm apenas um caso muito leve de roséola, desenvolvendo poucos sintomas e não dando muitos sinais da doença, enquanto outras têm todos os sintomas de forma acentuada.
Os sintomas incluem frequentemente: febre alta que começa de repente; erupções cutâneas, ou manchas avermelhadas, que não coça, ao longo da pele quando a febre desce. Elas podem durar apenas algumas horas ou dias, dependendo do caso, e geralmente surgem primeiro nas costas, peito e abdômen, podendo ou não aparecer no rosto e pernas. O tratamento para a roséola inclui que o paciente fique em repouso, beba bastante líquido e utilize medicações para reduzir a febre.
Asma: os brônquios (canais que levam ar aos pulmões) ficam inflamados, ocorrendo seu estreitamento, principalmente quando entram em contato com um fator desencadeante (poeira, ácaros, poluição, fumaça de cigarro, ar frio ou exercício físico), dificultando a respiração.
Nesta época, o pólen de flores e gramíneas é carregado pelo vento e pode funcionar como um alérgeno nas crises de asma. Na asma, expirar é mais difícil do que inspirar, uma vez que o ar viciado permanece nos pulmões provocando sensação de sufoco. Os sintomas mais frequentes são: falta de ar, tosse seca e chiado ou aperto no peito; gripes e resfriados costumam agravá-los.
O tratamento pode variar respeitando as individualidades de cada paciente, geralmente envolve broncodilatadores e o uso de corticoide inalado para melhora da inflamação dos brônquios. Hoje existem medicamentos chamados imunobiológicos para os casos mais graves.
Catapora: ou varicela, é uma infecção causada pelo vírus varicela-zoster. É altamente contagiosa, mas quase sempre sem gravidade. É uma das doenças mais comuns em crianças menores de 10 anos, tanto que mais de 90% dos adultos são imunes, pois já a contraíram em alguma época da vida. Uma vez exposta à doença, a pessoa fica imune pelo resto da vida.
Varicela em crianças é considerada uma doença sem muita gravidade, mas que pode deixá-las muito irritadas e cansadas por causa dos sintomas. Primeiro vem a febre, que pode chegar a 39,5º, mal-estar, falta de apetite e cansaço.
Depois, começam as manchas vermelhas que coçam muito. Essas manchas se transformam em bolhas cheias de líquido que, depois de estourarem, formam pequenos machucados que logo se tornam cascas e se curam. Normalmente, o processo da doença demora entre uma e duas semanas. Não há tratamento específico, mas há medicamentos que podem aliviar os sintomas.
A doença, que é altamente contagiosa, se propaga das seguintes formas: de mãe para bebê durante a gravidez, parto ou amamentação; por gotículas respiratórias no ar (tosse ou espirro); contato com a pele (apertos de mão ou abraços); por toque em uma superfície contaminada (cobertor ou maçaneta). A melhor forma de prevenir a doença é se vacinar, e desde 2013, a vacina contra a catapora é oferecida pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Cassiana Bessa de Lima Magalhães é farmacêutica formada pelo Centro Universitário do Triângulo (Unitri) e pós-graduanda em Saúde Pública da Família e Saúde Mental, pelo Instituto Passo 1. Atualmente trabalha em Unidade Básica de Saúde (UBS).