Edésio Adorno
Tangará da Serra
A pandemia do novo coronavírus alterou a rotina nos presídios de Mato Grosso. Desde março do ano passado, as visitas foram suspensas e os detentos perderam o contato com seus familiares. A situação de distanciamento da família enervou tanto os reeducandos quanto suas esposas.
Nossa reportagem recebeu uma série de mensagens de texto e de áudio encaminhada por esposas de reeducandos. Elas cobram do secretário do secretário de Segurança, Justiça e Direitos Humanos, Alexandre Bustamante, que suspenda a proibição de visitas, por uma questão de respeito à dignidade das pessoas que estão encarceradas.
“Tudo tem um limite. Os agentes prisionais já foram vacinados, manter a proibição de visitas é mesmo que impor pena a nós mães e esposamos que não cometemos nenhum crime”, escreveu a companheira de um detento. “Já pedimos ajuda ao deputado Dr João e pedimos apoio de quem puder nos ajudar. Não queremos nada além de poder visitar nossos esposos”, emendou outra senhora.
“O clima dentro do CDP está tenso, tá todo mundo agitado, nervoso. O contato com a família ajuda a pessoa cumprir sua pena”, emendou a mãe de um reeducando.
Nas mensagens enviadas a nossa redação, uma mulher faz uma denúncia grave. Segundo ela, presos estariam sendo molestados, espancados no interior do CDP. “Na comida servida a eles já foi achado ‘coró’, varejeira. Eles estão sendo tratados como animais. Esse abuso precisa acabar. Pedimos que as autoridades que atendam nossos pedidos e liberem as visitas”, emendou outra mulher.
Protesto
De acordo com a mensagens enviadas a redação deste site, um grupo de mulheres de Tangará da Serra prepara um protesto em frente ao CDP. Elas cobram o direito a visita e mais respeito por parte das autoridades do sistema prisional. “Não precisa ser tudo num dia só, pode fazer uma escala semanal para evitar aglomeração, o importante é que libere a visita”, argumentam elas.
Uma senhora informou que no presídio de Primavera do Leste as visitas seguem liberadas sem restrição.
Em Tangará da Serra, ainda segundo a mulher, os reeducandos estão deste março do ano passado sem receber a visita de seus familiares. “Vamos organizar um protesto e se precisar, vamos montar barraca em frente ao CDP. Exigimos um direito que está garantido em lei. Chega de abuso em nome da covid-19. Passaram dos limites; será que não percebem que isso já virou abuso?”, indaga uma outra senhora, visivelmente revolta com o cerceamento de seu direito de visitar seu esposo, que se encontra no CDP a espera de julgamento.
A suspensão por tempo indeterminado do direito a visita transformou os presídios em barril de pólvora. É prudente que as autoridades da área de segurança pública se interem sobre a questão, encontre uma forma de resolver o problema e assim evitar eventos futuros que possam comprometer a segurança do sistema. "Queremos paz, queremos que nos ouça e libere a visita, pode ser em semana alternada. Enfim, querendo é possivel fazer alguma coisa. Temos o direito de visitar nosos entequeridos que estão presos", concluiu