Da Redação
A Bronca Popular
O ex-governador Dante de Oliveira costumava ilustrar a política sombria com a frase "um gambá cheira o outro", referindo-se à aliança entre políticos de reputações duvidosas.
Essa expressão ganha vida nas atuais circunstâncias políticas de Mato Grosso, onde o prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), saiu em defesa enérgica de Manoel Loureiro, prefeito de Diamantino, recentemente flagrado em um controverso episódio de recebimento de suposta propina.
Ao adotar uma postura de lealdade a seu correligionário, Emanuel Pinheiro defendeu que não se faça um pré-julgamento sobre Loureiro, enfatizando o direito do mesmo a uma defesa ampla e ao contraditório, um princípio fundamental do sistema legal.
No entanto, é inegável que o gesto ecoa mais como um exemplo de lealdade partidária do que uma avaliação isenta das alegações.
Apesar de não ter explicitado, é pertinente destacar que Manoel Loureiro terá a oportunidade de exercer sua defesa ao longo do processo investigatório, tanto no âmbito judicial quanto perante os vereadores.
Chamou a atenção o posicionamento de sete vereadores - Zé Carlos, Michele Carrasco, Adriano Correa, Mateus Keller, Diocelio Pruciano, Ranieli Lima e Eraldes Campos - que já se anteciparam para dar um atestado de idoneidade moral ao prefeito Loureiro, ao se oporem à instauração de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para apurar as acusações.
As razões subjacentes a essa votação têm levantado questionamentos na esfera pública.
Analistas apontam que a decisão pode estar ligada à preservação de interesses pessoais, possíveis vantagens na gestão municipal e benefícios para cabos eleitorais.
Uma outra motivação, talvez mais sutil, seria evitar a eventual ascensão do vice-prefeito Jozenil Costa Lube ao cargo de prefeito, o que poderia desalojar os atuais fluxos de poder e privilégios.
O cenário sugere que, com Jozenil à frente da administração, os vereadores vinculados à base de apoio do prefeito Manoel Loureiro perderiam acesso a uma série de benesses. Portanto, a manutenção de Loureiro no cargo parece ser uma estratégia para garantir a continuidade desses privilégios.
A população diamantinse enfrenta agora a difícil escolha de definir seu caminho nas urnas em 2024, tendo que ponderar entre apoiar a continuidade de políticos envoltos em polêmicas ou optar por uma renovação que possa efetivamente mudar o cenário político local.