Da Redação
O médico neurologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Acary Souza Bulle Oliveira, alertou para a imunização e manutenção do ciclo correto da vacina contra a poliomielite, também chamada de paralisia infantil.
Segundo ele, a doença estava erradicada no país desde 1990, porém a baixa cobertura, cuja taxa está em 61%, em crianças com até cinco anos de idade, pode provocar seu retorno.
Oliveira, que participou da abertura do 1º Fórum de Poliomielite e Síndrome pós-poliomielite, promovido pelo Governo do Mato Grosso, nesta sexta-feira (04.11), lembrou que a poliomielite é uma doença antiga que devastou famílias brasileiras entre as décadas de 60 e 90.
“Só quem viu a dramaticidade desta enfermidade, sabe do que estou falando. Passamos 33 anos sem nenhum caso em nosso país, mas o vírus continua ativo no mundo e, se não reforçarmos a vigilância, esta doença, altamente contagiosa, pode retornar a qualquer momento. Por isso, entendam que a vacina é a maior conquista do ser humano. Continuem vacinando as suas crianças e mantendo a cobertura vacinal plena, porque estas gotinhas salvam vidas”, alertou.
O evento segue até este domingo (06 de novembro), no Teatro Zulmira Canavarros, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso, com palestras e rodas de conversas envolvendo especialistas em poliomielite, com o objetivo de discutir diagnóstico e tratamentos da doença.
"É uma satisfação ser parte deste importante acontecimento a nível nacional e com grandes personalidades civis. Temos aqui pessoas resilientes e fundamentais para entendermos o passado, aqueles que convivem com a síndrome pós-poliomielite. Alguns dos que tiveram poliomielite quando crianças são diagnosticados com a memória da doença e, depois de anos, adquirem uma nova fraqueza muscular e infelizmente, têm que conviver com estas limitações ", explicou o neurologista.
Tais Augusta de Paula, superintendente de Promoção e Articulação de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência, da Casa Civil, destacou a importância de políticas diretas para esse público.
Ela é uma vítima da poliomielite, desde os dois anos de idade, e luta contra os aspectos da síndrome pós-poliomielite. Seu principal apelo foi para que pais e familiares mantenham a vacinação de suas crianças em dia.
“O Brasil vem registrando queda na procura pela vacina contra a poliomielite, por isso, junto com o governador Mauro Mendes e a primeira-dama Virginia Mendes, que são muito sensíveis à causa, quisemos que o nosso Estado saísse na frente e trouxesse uma equipe multidisciplinar, além de vítimas da síndrome pós-pólio da capital e municípios adjacentes, para debater diagnósticos, desafios e tratamentos da doença”, disse, acrescentando que seu trabalho no governo busca amenizar o sofrimento das pessoas acometidas da doença.
“É importante destacar que, quando a atual gestão assumiu o governo, havia uma fila imensa de pessoas precisando de cadeiras de rodas e aparelhos auditivos. Hoje, estamos com essa fila quase zerada. Essa é mais uma ação essencial de nosso governador, que governa para todos, para que todas as pessoas sejam incluídas, tenham acessibilidade e qualidade de vida”, afirmou Tais.
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O vice-presidente da Associação dos Deficientes Físicos de Campo Novo do Parecis (ADCAMP), acometido pela síndrome, Judimar Coringa, falou que, desde 2007, há uma tentativa da promoção de fóruns e seminários para dar este olhar informativo para a doença. “Não tinha quem nos acolhesse, então este é um marco histórico para a nossa classe, é um sonho antigo, que através do governador Mauro Mendes, está se tornando realidade”, comemorou.
A secretária adjunta de Ação Governamental da Casa Civil, Claudia Cristina Ferraz de Sousa, representante do governador, ressaltou que este 1º Fórum é fruto de um trabalho idealizado em equipe. “Com espírito de união e com o objetivo de alcançar resultados significativos e momentos de engrandecimento pessoal, estamos dando início a este grandioso evento, pautado pela inteligência e sensibilidade dos palestrantes e de todos os envolvidos e parceiros. Este fórum foi feito para vocês”, finalizou.
O evento é realizado pela Superintendência de Promoção e Articulação das Políticas Públicas para as Pessoas com Deficiência, ligada à Secretaria Adjunta de Ação Governamental da Casa Civil, em parceria com a Assembleia Legislativa, Prefeitura de Campo Novo do Parecis, Associação dos Deficiente de Campo Novo do Parecis, Universidade Federal de São Paulo e secretarias de Estado de Saúde, de Assistência Social e Cidadania, de Meio Ambiente e de Agricultura Familiar.
Poliomielite e Síndrome pós-poliomielite
A poliomielite é uma doença contagiosa e causada por um vírus que pode infectar crianças e adultos. Nos casos graves, pode levar à paralisia nas pernas. Não existe tratamento e nem cura, mas pode ser evitada com a vacina, que é segura e eficaz. Já a síndrome pós-pólio é uma desordem do sistema nervoso que se manifesta em indivíduos que tiveram poliomielite há, aproximadamente, 15 anos ou mais. Ela apresenta um novo quadro sintomatológico: fraqueza muscular e progressiva; fadiga e dores musculares e nas articulações.
Ainda dá tempo
Mesmo com o fim da Campanha Nacional de Vacinação, crianças de cinco anos ou menos podem tomar a vacina nos postos de saúde de seus municípios, de segunda a sexta-feira, de 07h às 11h e de 13h às 17h.