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POLÍTICA Segunda-feira, 04 de Janeiro de 2021, 22:39 - A | A

04 de Janeiro de 2021, 22h:39 - A | A

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Fracassa protesto contra BRT orquestrado por nova cepa de lobistas do consórcio VLT

Edésio Adorno
Cuiabá



Uma nova cepa de lobistas do Consórcio VLT Cuiabá entrou em ação para uma vez mais patrolar estudos e projetos técnicos elaborados por instituições de credibilidade inquestionável, tentar confundir a opinião pública e forçar o governador Mauro Mendes (DEM) recuar da preferência pelo modal Bus Rapid Transit (BRT).    

Em 2011, o então governador Silval Barbosa, que sete anos mais tarde seria apontado pelo MPF como chefe de organização criminosa e, para espanto geral, confessaria o desvio de R$ 1 bilhão dos cofres públicos, aquiesceu com os apelos de seus comparsas e trocou o BRT pelo VLT sem o menor embasamento técnico. A motivação foi gana por grana, segundo restou provado pela PF e MPF.    

A época, laudos técnicos e parecer de especialistas em transporte urbano já sustentavam que o BRT era o modal que mais atendia as necessidades e proporções de Cuiabá e Várzea Grande. Os interesses políticos, permeados por ambições financeiras se sobrepuseram as razões de natureza técnica. Cuiabá abriu mão de um financiamento da Caixa Econômica Federal de R$ 451 milhões para construção de três corredores de Bus Rapid Transit (BRT).    

A escolha pelo VLT foi sustentada por um arremedo de estudo de dez páginas elaborado por uma empresa que constrói sistemas para trens, contrariando estudos técnicos de universidades e empresas especializadas que recomendaram a construção do BRT a um custo bem menor.    

A escolha entre BRT ou VLT foi precedida de uma verdadeira guerra de bastidores. De um lado, políticos aliados a Silval Barbosa; de outro, os técnicos, que foram vencidos. Prevaleceu a estupidez, que logo seria objeto de devassa dos órgãos de controle externo, como PF, MPF e MPE.       

A época, laudos técnicos e parecer de especialistas em transporte urbano já sustentavam que o BRT era o modal que mais atendia as necessidades e proporções de Cuiabá e Várzea Grande

A malandragem teve início em 2009, quando a prefeitura de Cuiabá deveria realizar um projeto de mobilidade urbana para o governo federal. O prefeito da época, Wilson Santos, recusou um estudo ofertado sem ônus para o município pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Ele contratou uma empresa com grande know-how na área de engenharia de trânsito, que também sugeriu a construção do BRT.  

Ao site UOL Esportes, o professor da UFMT Luiz Miguel de Miranda, doutor em engenharia de transportes, declarou:  "não escolheram nosso projeto, mas a empresa contratada apresentou um estudo muito sério, tanto que obteve o financiamento federal"    

"O estudo levou em consideração quantas viagens são feitas na cidade por dia, qual o tamanho médio dos deslocamentos, os horários de maior demanda e as previsões de crescimento dessas variáveis ao longo dos anos", acrescentou o professor ao UOL.    

Ainda ao UOL, o doutor Luiz Miguel asseverou: "o caso foi estudado por autoridades em transporte da prefeitura e do estado, além de engenheiros da UFMT, da USP (Universidade de São Paulo) e da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). Não houve uma voz que não dissesse que o BRT é o modal adequado a Cuiabá"  

Para facilitar a consolidação da troca do BRT pelo VLT, o engenheiro Inês de Jesus Magalhães foi defenestrado da presidência da extinta Agecopa, sendo substituído por Eder Moraes, que está atolado até o pescoço em processos judiciais e já foi condenado há mais de 150 anos de prisão por participação em crimes que resultaram desvio de mais de meio bilhão aos cofres públicos do estado.

Disposto a resolver o problema logístico de Cuiabá e Várzea Grande, o governador Mauro Mendes decidiu retomar o BRT por ser mais econômico e adequado a realidade social e econômica das duas cidades, conforme revelou credenciados estudos técnicos. A decisão de Mendes provocou a indignação da nova cepa de lobistas do Consórcio VLT, tendo a frente o prefeito de Cuiabá, que a época da imposição do Veiculo Leve sobre Trilhos, era o deputado responsável pela fiscalização da implantação do modal de transporte e não viu nada de errado.    

No final de dezembro, o juiz Bruno D’Oliveira Marques concedeu liminar em ação proposta pelo governo do estado e determinou bloqueio de R$ 663 milhões do Consórcio VLT para garantir o ressarcimento aos cofres públicos pelo não término das obras do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), em 2014. A decisão do magistrado foi festejada nas redes sociais e comemorada por figuras ilustres do mundo político e empresarial de Cuiabá e Várzea Grande, menos por Emanuel Pinheiro, que torceu o nariz e fez bico de zangado.

VLT Emanuel Pinheiro.JPG

A paixão de Pinheiro pelo VLT vem de longe; nesta foto, ele conhece os vagões do modal no Rio de Janeiro, ao lado de Eduardo Paes.

No passado, Pinheiro defendeu o VLT para agradar Silval Barbosa ou para o seu próprio gáudio. É natural que continue a defender o Consórcio VLT Cuiabá. Seu entusismo com o modal era tanto que ele foi o Coordenador Geral da Frente Parlamentar de em prol da retomada e conclusão das obras do VLT de Cuiabá/Várzea Grande. Afinal, patrocinar a defesa de grandes empreiteiras tem lá sua graça, desde que não seja de graça!

Esbirros de Pinheiro estão nas redes sociais a contestar a escolha do BRT pelo govenador Mauro Mendes. Na semana passada, nove adeptos do VLT montaram um palanque improvisado sobre a ponte do rio Cuiabá para condenar o BRT e cantar loas ao VLT, mesmo não dispondo do menor e mais frágil embasamento técnico.

Além de estimular falatório nos grupos de Whatsapp, Emanuel Pinheiro recorreu ao Tribunal de Justiça para tentar impedir que o governador Mauro Mendes implante o BRT em Cuiabá e Várzea Grande.

Sua aventura jurídica foi prontamente rechaçada pela desembargadora Helena Maria Bezerra Ramos, que se negou a apreciar o pleito de Pinheiro no plantão forense por não preencher os requisitos legais.

No Superior Tribunal de Justiça (STJ), o presidente da Corte, ministro Humberto Martins, também negou provimento a um recurso de Pinheiro e manteve intacto o projeto de Mendes que prevê a mudança de VLT para BRT.

Se tentar mais uma vez e levar pau novamente, Pinheiro vai poder pedir musica no Fantástico e o Consórcio VLT vai precisar mobilizar uma cepa mais agressiva de lobistas.

No vídeo abaixo, aliados de Pinheiro fazem manifestação em prol do VLT

 

 Essa matéria foi produzida com conteúdo dos sites UOL Esportes, Rdnews, Folha Max e Olhar Direto

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Cláudio Machado 05/01/2021

Vai a merda este VLT! Passa a bola filho, chega desta treta ai

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1 comentários

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