Edésio Adorno
Tangará da Serra
Em janeiro de 2019, após muita pressão de fazendeiros e chacareiros e cobrança acirrada da imprensa, a secretaria de Segurança Pública (SESP) mobilizou um forte contingente policial para dar cumprimento a uma ordem judicial de reintegração de posse das propriedades que haviam sido invadidas na gleba Pecuama.
As lideranças dos grileiros, Jonas Vinícios de Lima e Junior Antônio Marciano abriram fuga da área. Marciano retornou para Rondônia, onde matou a tiros de espingarda o próprio genro. Jonas não se deu por vencido. Seguiu sua saga de grileiro profissional.
No mesmo ano de 2019, ele arrebanhou parte dos grileiros da Pecuama para uma extensa área de APP do Assentamento Antônio Conselheiro. A ação criminosa foi denunciada pela Bronca Popular, em edição do dia 18 de novembro de 2021.

Militante da Frente Nacional de Luta Campo e Cidade (FNL), uma organização criminosa criada pelo grileiro-mor Zé Rainha e filiado ao PT, Jonas tentou, sem êxito, conquistar uma cadeira na Câmara de Vereadores de Tangará da Serra. Com o apelido de Jonas do Sem Terra, o grileiro obteve apenas 46 votos. Não teve o voto de seus comparsas de invasão de propriedades.
O juiz da 1º Vara Federal da Seção Judiciária de Mato Grosso, Ciro José de Andrade Arapiraca, concedeu tutela de urgência em ação de reintegração de posse ajuizada pelo INCRA para determinar a imediata reintegração de posse da Área de Preservação Permanente (AAP) do assentamento Antônio Conselheiro que fora invadida e dela mantinham a posse irregular – em verdade, criminosa.
A ordem do magistrado Arapiraca foi expedida no dia 31 de janeiro de 2020. Na sequência, o juiz da 1º Vara Cível da Comarca de Barra do Bugres foi deprecado pela justiça federal para dar cumprimento ao mandado de reintegração de posse. A burocracia, que já padece de lerdeza paralisante, foi contaminada pelo vírus da covid-19, perdeu a capacidade de atuação e entrou em coma profundo.
Os danos já cometidos contra o meio ambiente são irrecuperáveis
Agora, o mandado judicial de reintegração de posse da APP Antônio Conselheiro jaz em algum escaninho do Fórum de Tangará da Serra. Enquanto a decisão judicial não produz efeito, grileiros deitam e rolam na área. Os danos já cometidos contra o meio ambiente são irrecuperáveis. Supressão de vegetação nativa seja pelo fogo ou ação deliberada dos grileiros, destruição de nascentes e retirada ilegal de madeira são alguns dos ilícitos verificados.

Jonas sabe que mais cedo ou mais tarde terá que deixar a APP Antônio Conselheiro. Precavido, ele articula a ocupação de uma área no Assentamento Betel de Canaã, em Arenápolis. Recentemente, ele participou de uma reunião com o prefeito daquela cidade, Eder Marquis (PP). Nossa reportagem teve acesso a um áudio, no qual o grileiro se diz satisfeito com o suposto apoio do chefe do Executivo.
Além do Assentamento Betel de Canaã, Jonas promete levar seu bando de grileiros para uma fazenda em Brasnorte a ser invadida nos próximos dias, conforme mostra as imagens do vídeo abaixo.
Nas imagens, Jonas e outras pessoas vistoriam a fazenda e definem estratégia de ocupação da produtiva propriedade rural.