Mineradora Nexa Resources vira base da PF e revolta moradores de Aripuanã

EDÉSIO ADORNO

Dona absoluta das riquezas minerais de Aripuanã, a Nexa Resources no Mato Grosso, explora o bilionário projeto polimetálico de exploração e beneficiamento de zinco, chumbo e cobre, localizado na Serra do Expedito, a 25 km da cidade de Aripuanã. A mão de obra utilizada no empreendimento é importada do nordeste, em especial do Estado do Piauí.    

A presença da Nexa em Aripuanã ajuda desenvolver e ampliar a base econômica da região. Isso, no entanto, não autoriza essa empresa a se associar as forças policias para escalpelar garimpeiros. Mato Grosso surgiu do garimpo. Esse trabalhadores fundaram diversas cidades do estado. Merecem respeito. Não são bandidos.    

A operação Trype, que a Polícia Federal realiza nesta segunda-feira (7), no garimpo considerado ilegal do município de Aripuanã, a 976 km de Cuiabá, vai jogar no desemprego mais de 1.500 famílias. Não apenas os garimpeiros serão penalizados. O comercio e a prestação de serviço vão sentir o dramático reflexo em curtíssimo prazo.    

A assessoria de imprensa da PF divulgou que “de acordo com as investigações, além do impacto ambiental na região, o garimpo ilegal estaria causando grande devastação social no município com aumento do índice de homicídios, tráfico de drogas, prostituição e outros crimes”.  

O pretexto é falacioso, falso e estupido. Nunca na história deste país a PF se preocupou com prostituição ou venda de drogas no varejo, seja em região de garimpo ou nos grandes centros urbanos.    

Se a preocupação, de fato, fosse essa, os agentes da federal deveriam começar o combate ao comércio do sexo e de drogas nos morros do Rio de Janeiro ou praça da República, em São Paulo.

Na verdade, a presença do contingente de quase 200 policias federais em Aripuanã tem um objetivo claro: produzir imagens para ser veiculadas na imprensa internacional e avisar o mundo que o Brasil assumiu a defesa da Amazônia e, de fato, combate ao desmatamento, as queimadas e a atividade garimpeira “clandestina”. Uma encenação cinematográfica que pode custar a vida de muita gente.