Edésio Adorno
Tangará da Serra
Diferente de gestores fracos, vacilantes e sem atitude, que governam acocorados, em completa submissão aos poderosos, o prefeito de Brasnorte, Edelo Ferrari (DEM), tão logo teve acesso aos dados oficiais sobre a quantidade de abate diário e de oferta de empregos, obtidos junto ao INDEA e MPA, por uma planta frigorífica da JBS, instalada em uma área doada pelo municipio, resolveu elevar o tom da conversa com os irmãos Joesley e Wesley Batista e reivindicar os direitos do brasnortense.
A pendenga se arrasta desde 2015, quando o municipio celebrou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com a Brasfrigo (Brasnorte Frigorífico Ltda) para instalação de uma planta frigorífica da Brasfrigo (Brasnorte Frigorífico Ltda).
O acordo não foi cumprido pela empresa.
No mesmo ano, a JBS S/A adquiriu o imóvel pelo valor de R$ 20 milhões e assumiu expressamente as obrigações fixadas no TAC, ou seja construir o frigorifico com capacidade de abate diário de 300 cabeças e a abertura de no minimo 300 postos de trabalho. Desde então, os irmãos Batistas, notorório por subornar políticos, distribuir propinas e saltar impune no submundo dos negócios da carne.
Diante do não cumprimento das cláusulas do TAC, o então juiz da Vara Única da Comarca de Brasnorte/MT, Victor Lima Pinto Coelho, declarou o inadimplemento do TAC, determinou a reversão do imóvel para o município, concedeu o prazo de 60 dias para a JBS retirar os maquinários que ainda se encontravam na área, sob pena de multa diária de R$ 10 mil.
Em junho de 2018 foi celebrado novo acordo com a JBS. No novo TAC ficou definido que a planta frigorífica da empresa deveria entrar emplena operação até o dia 20 de dezembro de 2019. Também foi fixado a quantidade minima de abate diário e o quantitativo de contratação de colaboradores direitos. Mais uma vez a JBS mijou no cachorro da espora e deixou de cumprir o TAC.
Diante do contumaz, reiterado e doloso interesse da JBS se de beneficiar economicamente de um bem do municipio sem entregar a contrapartida necessária, o prefeito Ferraria acionou a Justiça. Ele pede a reversão do imóvel e sua acessão, além de multa de R$ 10,5 milhões. O processo aguarda decisão da justiça. A decisão certamente fará justiça a população da cidade, ao comercio e aos pecuaristas, que já manifestaram total apoio a decisão corajosa de Ferrari.
Em mensagem de vídeo compartilhada nas redes sociais, o presidente do Sindicato Rural de Brasnorte, Cleber José dos Santos Silva, manifestou integral apoio a atitude de Ferri. Segundo o representa dos pecuaristas, o municipio tem um rebanho de mais de 400 mil cabeças de bovinos, o setor se encontra em franca expansão devido a oferta de boas pastagens, melhores condições para criação em confinamento e a planta frigorífica deve atender a demanda dos criadores. Gado represado no pasto representa prejuízo para o pecuarista. Esse é o entendimento do líder do setor.
Cleber entende que a JBS tem duas opções: cumprir o acordo com o municipio ou abrir espaço para outra empresa frigorífica. Manter a pecuária de Brasnorte refém dos interesses dos irmãos Batista configura crime contra o setor e um abuso contra a população da cidade, que precisa de emprego, bem como um acinte ao comércio e a prestação de serviços. "Aí eu senti firmeza", comentou um produtor rural sobre a decisão corajosa de Ferrari de encarar de frente a JBS e fazer valer os direitos do povo brasnortense.