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POLÍTICA Quarta-feira, 08 de Abril de 2020, 01:59 - A | A

08 de Abril de 2020, 01h:59 - A | A

POLÍTICA / PANDEMIA NA SAÚDE

Prefeito diz a juíza de direito que único respirador do município foi requisitado da Unemat

EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra



Em um post do dia 18 de março, este site perguntou: “a rede de saúde está preparada para a atender a população em caso de disparada do coronavírus?”.  A indagação foi ignorada pelo prefeito Fábio Junqueira e tratada com menoscabo pela então secretária de Saúde, Dienefer Jaqueline Magalhaes.

Pior que a indiferença dos gestores públicos foi a reação dos comensais da prefeitura. A turma do holerite e dos bajulares de plantão inundou a página do site no Facebook com um diluvio de críticas.  20 dias depois, o chefe do Executivo escancara um quadro nunca imaginado da saúde pública do municipio. O tempo é de fato o senhor da razão!

Humilhante confissão  

Chamado pela juíza de direito Edna Ederli a se manifestar sobre o Mandado de Segurança impetrado pela CDL e Acits, Junqueira preparou um catatau para argumentar contra a concessão de liminar para anular parte de um decreto municipal e garantir a reabertura do comércio.

No arrazoado remetido ao gabinete da magistrada, o prefeito deixa de lado o pudor e expõe a miséria em que se encontra a saúde pública de Tangará da Serra. O Hospital Municipal só não está na UTI porque leito desta natureza não existe naquele nosocômio. A situação é escabrosa, estupefaciente.  

No documento, Junqueira afirma que Tangará da Serra tem uma população de cerca de 7.500 idosos, como se apenas os membros da boa idade fizessem parte do grupo de risco. Omitiu a população de diabéticos, de hipertensos, de quem fazem tratamento oncológico e de hemodiálise, entre outras comorbidades.  

Situação vexatória  

Entre os motivos elencados para convencer a magistrada Edna Ederli a não deferir a liminar pleiteada pela CDL e Acits, Junqueira teve um surto de sincericídio, calçou a sandália da humildade – ou seria do fingimento? – e confessou: “nossa estrutura física não contempla, hoje, os equipamentos necessários para o desenvolvimento das funções clínicas de internação, uma vez que não possuímos:  

Ventilador elétrico

Monitores multiparâmetros

Hemogasômetro

Lavadora termodesinfectora

Bombas de infusão

Vídeo laringoscópio

Lavadora ultrassônica acima de 15 litros

Marcapasso cardíaco externo

Elevador de transposição de leitos

Capnógrafo Aparelho de eletrocardiograma

Autoclave hospitalar e

Kits de intubação para atender a demanda.  

Vergonha em dobro  

Se você, leitor, considera o cumulo do absurdo a prefeitura do 5º maior município do estado, que administra um orçamento superior a R$ 400 milhões, e que, segundo seu gestor, teve superávit de mais de R$ 60 milhões no exercício fiscal de 2019, não ter um marcapasso externo (aparelho utilizado para controlar o ritmo cardíaco, quando o coração não funciona corretamente), imagina não ter um único respirador mecânico para oxigenar o pulmão de alguém em situação de crucial batalha pela vida.    

Junqueira diz a juíza:  

“Temos apenas 01 aparelho de respiração mecânica que conseguimos por meio de requisição endereçada à UNEMAT – Campus de Tangará da Serra”.  

Pois é, a Unemat, que não é hospital e não tem curso de medicina no Campus de nossa cidade tem um respirador mecânico. Já a secretaria de Saúde, que administra o Hospital Municipal, além dos equipamentos elencados acima, também não tem um respirador.  

Prossegue Junqueira:  

“Outros 07 aparelhos de respiradouro obtivemos através do Hospital e Maternidade Clínica da Criança”.  

Eis aí, revelado pelo próprio “bom gestor”, o descalabro em que se encontra a saúde de Tangará da Serra.  

O hospital municipal, segundo as confissões oficiais de Junqueira, não está preparado nem para atender casos de unha encravada, constipação, difruço ou de arca caída.  

Soberba e vidas em risco  

Junqueira, do alto de sua soberba, bravateia com frequência que fez isso e aquilo sempre com esforços e recursos próprios. Seu narcisismo é extremado, que é até natural para um indivíduo de índole autoritária.  

Junqueira já dispensou emendas de deputados federais, inclusive para a área de saúde.

Também já recusou ajuda financeira de deputados estaduais. Esse espirito de autossuficiência do “bom gestor” arrastou a saúde pública a situação em que se encontra.  

Para morrer gente em Tangará da Serra nem é preciso o novo coronavírus agir com força, basta um surto virose. Infelizmente, os vereadores, excetuando aqueles que efetivamente trabalham pela população, mesmo sabendo dessa situação, vão continuar com o bolso cheio e no mais absoluto e sepulcral silêncio. Dane-se o povo!

 

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