o Antagonista
Em 19 de novembro de 2017, o então pré-candidato presidencial e deputado federal Jair Bolsonaro disse no programa “Canal Livre”, da Band, que deixaria o governo se a única forma de governar fosse por meio da distribuição de cargos em troca de apoio político – a velha prática conhecida no Brasil como “toma lá, dá cá”.
“Eu duvido que, eu sentado na cadeira presidencial, vai aparecer o ‘Seu’ Renan Calheiros e vai falar: ‘Eu quero o Banco do Nordeste pra mim.’ Eu duvido que isso venha a acontecer: a forma de fazer política como foi feita até o momento. E toda a imprensa pergunta pra mim: como você vai governar sem o ‘toma lá, dá cá’? Eu devolveria a pergunta a vocês: existe outra forma de governar, ou é só essa? Se é só essa, eu tô fora!”, prometeu Bolsonaro.
“Se é para aceitar indicações políticas, a raiz da ineficiência do Estado e da corrupção, aí fica difícil você apresentar uma proposta que possa realmente proporcionar dias melhores para a nossa população”, acrescentou o então deputado, destacando também que “geralmente os grupos políticos loteiam esses cargos para se beneficiar”.
Para Bolsonaro, se o Parlamento continuasse a impor seus nomes, o caos seria o destino do país.
“A mensagem que quero dar para todos no Brasil, inclusive no Parlamento, é a seguinte: se o Brasil estiver bem, nós estaremos bem, e não o contrário. Não o meu grupo político estando bem, o Brasil vai estar bem. Nós estamos partindo para o caos. Não dá para continuar administrando o Brasil dessa forma: o Parlamento indicando, impondo os seus nomes!”, disse o então pré-candidato.
Agora, em abril de 2020, com Bolsonaro sentado na cadeira presidencial, seu governo negocia cargos em órgãos públicos com o Centrão em troca de apoio político do bloco parlamentar, como registrou O Antagonista.
Em vez de ‘Seu’ Renan Calheiros, quem busca para o próprio partido a presidência do Banco do Nordeste é o condenado no mensalão ‘Seu’ Valdemar Costa Neto, do PL, antigo PR.
Bolsonaro “tá fora”?