Da Redação
A Bronca Popular
O relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), datado de 10 de janeiro de 2023, revela a suposta participação ativa de nomes do agronegócio em atos antidemocráticos ocorridos em 8 de janeiro de 2023, que contestaram o resultado eleitoral favorável a Luiz Inácio Lula da Silva. O grupo envolvido nos atos é identificado como o Movimento Brasil Verde Amarelo (MBVA), uma associação informal que reúne representantes do agronegócio.
O relatório destaca que o MBVA foi fundamental na organização dos atos intervencionistas e de apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos anos. Ele teria ligação direta com bloqueios rodoviários realizados após a eleição do 2º turno, onde caminhões de regiões de influência do MBVA foram mobilizados em comboios para apoiar o acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília.
O movimento foi fundado para protestar contra uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a constitucionalidade da contribuição do empregador rural pessoa física ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural).
Desde então, o MBVA passou a atuar em defesa de interesses do agronegócio, como a redução da carga tributária, a restrição de demarcação de terras indígenas e o armamento da população civil.
Embora classificado como um "segmento secundarizado do agronegócio" pelo relatório, o MBVA se apresenta como o "porta-voz" de todo o setor. Ele teve influência nas manifestações em apoio a Bolsonaro, mas enfrentou dificuldades para ter acesso ao Congresso Nacional, tornando-se dependente do Poder Executivo.
O relatório da Abin lista as principais lideranças e fundadores do MBVA, incluindo nomes de sojicultores e líderes sindicais do Centro-Oeste, especialmente do Rio Grande do Sul. Além disso, o documento indica que o grupo se articula por meio das redes sociais e possui um programa de TV chamado "Sucesso no Campo", que divulga líderes do agronegócio e convocações para protestos.
O relatório também descreve uma série de atos organizados pelo MBVA em defesa de pautas de Bolsonaro, como manifestações, acampamentos e bloqueios rodoviários. Ele enfatiza que o grupo tem capacidade de arrecadação de recursos e capital político significativo.
O MBVA e seus representantes foram procurados para comentar o relatório e negaram qualquer incentivo a ações arbitrárias e criminosas. Eles afirmaram que valorizam as instituições e desejam um fortalecimento do país, mas que cada indivíduo deve ser responsável por suas palavras e ações. As associações de produtores citadas no relatório também foram contatadas, mas poucas respostas foram obtidas.
O documento registra que as principais lideranças e fundadores do MBVA são “sobretudo sojicultores do Centro-Oeste naturais do Rio Grande do Sul”. Entre eles:
Antônio Galvan, sojicultor em Sinop (MT) e presidente da Aprosoja Brasil;
Segundo o relatório: “Galvan é considerado por outros coordenadores do MBVA como general do grupo e é investigado por atos antidemocráticos pelo STF. Em 2018, Galvan, como presidente da Aprosoja Brasil, convocou a participação do agronegócio nas greves dos transportadores de carga e comandou a reunião na sede da organização, em agosto de 2021, em que o cantor Sérgio Reis convocou bloqueios e a paralisação do país simultaneamente com as mobilizações previstas para 7 de Setembro.”
Em resumo, o relatório da Abin apresenta informações sobre o Movimento Brasil Verde Amarelo, apontando suas supostas ligações com atos antidemocráticos e manifestações de apoio a Jair Bolsonaro. Ele destaca o papel de lideranças do agronegócio na articulação dessas ações e a influência do grupo por meio das redes sociais e de um programa de TV. As acusações são graves e indicam aprofundamento das investigações para esclarecer as responsabilidades e consequências desses atos.
Essa matéria foi produzida com base em reportagem do Congresso em Foco, a qual foi adaptada para o formato deste site