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23 de Março de 2023, 08h:03 - A | A

BLOG / CAÇA AOS BAGRES

Se o STF avançar contra deputada de MT a desmoralização da corte será retumbante

Tubarões da política pilhados pela Lava Jato foram inocentados no STF porque os togados da Corte entendem que mera delação não serve para justificar condenação

Da Redação
Blog Edição MT



A Polícia Federal (PF) colheu o depoimento da senhora Gizela Cristina Bohrer, 60 anos, moradora de Barra do Garças, que se encontra detida no presídio feminino da Colméia, em Brasilia, por suposta participação dos atos de vandalização dos Três Poderes da República, no dia 08 de janeiro.

Em sua confissão aos agentes da PF Gizela declarou que conhece a deputada federal Coronel Fernanda (PL) e que ela teria organizado o transporte de manifestantes contrários a eleição de Lula que terminaram com a invasão dos às sedes do STF, PLanalto e Congresso Nacional.

Com base nesse mísero depoimento da idosa Bohrer, a PF pediu ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, abertura de inquérito contra a deputada de Mato Grosso. No mesmo depoimento, Gizela cita os nomes de Analady Carneiro e Rafael Yonekubo, ambos notórios ativistas de direita e ex-candidatos a federal e a estadual respectivamente no pleito de 2022 pelo PTB.

Se alguém tem dúvida que Xandão vai autorizar a PF vasculhar até as vísceras da Coronel Fernanda, esse alguém não é esse blogueiro.

Fernanda surgiu no cenário político em 2020, quando foi convidada pelo então presidente Jair Bolsonaro para disputar a eleição suplementar ao senado para preencher a vaga aberta com a cassação da senadora Selma Arruda. Desde então, Fernanda passou a militar na direita.

Junto com outros lideres do movimento em Mato Grosso ajudou a organizar manifestações em Brasília de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e as suas pautas conservadoras. Articular transportes por meio de vaquinha virtual, mobilizar militantes e buscar apoio popular à causa bolsonarista eram fatos corriqueiros, inclusive com ampla cobertura da imprensa do estado. O que vai além disso é ilação.

É de conhecimento óbvio para qualquer criatura medianamente esclarecida que o transporte e o custo com a permanência de manifestantes em frente ao QG do Exército no DF foi financiado por ruralistas, empresários do agro e de outras atividades econômicas. Mas nem esses bolsonaristas mais radicais cometeram crime algum. O objetivo era protestar contra a eleição de Lula e cobrar clareza sobre o processo eleitoral.

Ora, se quem patrocinou transporte para manifestantes viajarem a Brasilia cometeu algum crime, maior razão o STF tem para mandar investigar, processar e colocar na masmorra de algum presídio quem acolheu essa turma no DF. Eles ficaram acampados em grente ao QG do Exército, receberam apoio e segurança. Será que os militares praticaram algum ilícito penal? A resposta é não.

Mais vergonhoso, o STF descartou delações colhidas pela Operação Laja Jato contra poderosos figurões do mundo político e empresarial como elemento de prova suficiente para justificar condenação. Se delação não serve para colocar ladrão do dinheiro público na cadeia, como pode aceitar o depoimento de uma idosa para abrir inquérito contra uma deputada de Mato Grosso, que a bem da verdade sempre foi uma política moderada, sensata e ponderada em suas manifestações?

A deputada coronel Fernanda está sendo vitima, não de uma idosa submetida a tortura piscológica da cadeia, da segregação, mas sim do que se pode chamar de operação caça aos bagres. Jamais Fernanda daria seu aval a atos de invasão e destruição da sede dos poderes da República. Não é do seu feitio e atitudes desta natureza contrariam sua personalidade de mulher pacífica, porém firme na defesa de suas convicções ideológicas. Menos açodamento, essa história já foi longe demais e nenhum peixe graúdo foi fisgado. Colocar bagrinho na cadeia é puro ato de injustiça, grave e desmoralizante injustiça para o STF, que tem a obrigação de garantir o direito a livre manifestação do pensamento. 

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