Da Redação
Blog Edição MT
Como as bactérias que produzem uma toxina para sua autodestruição, a operação Lava Jato foi morta pelo veneno que inoculou na sociedade, na política e no judiciário para o gáudio da imprensa e de todas as torcidas.
Sob o pretexto de combate a corrupção, Sérgio Moro e Deltan Dallagnol deflagraram verdadeira caça as bruxas. Condução coercitiva, pau de arara psicológico, forjadas delações premiadas e batidas policiais transmitidas ao vivo pela imprensa faziam parte dos métodos empregados pelos valentes de Curitiba.
Na crista da Lava Jato, o então deputado federal Jair Bolsonaro surfou na onda do combate a corrupção, conquistou o apoio explicito dos principais protagonistas da operação, com destaque para Moro e Dallagnol.
Foi assim que o 'mito' chegou à presidência da República.
Uma série de reportagens do Intercept Brasil lastreada em áudios hackeados dos telefones de Moro e Dallagnol rasgou o véu da hipocrisia que ocultava a verdadeira face dos pretensos paladinos da moralidade. A revelação das entranhas da operação ganhou o apelido de Vaza Jato.
Não tardou para os togados do Supremo Tribuna Federal (STF) brindar Moro com a pecha de parcial e incompetente para processar e julgar o petista Lula, que era a cereja do bolo almejada pela Lava Jato.
O ex-presidente petista foi solto da gaiola curitibana, teve seus direitos políticos devolvidos pelos magistrados camaradas do STF, disputou e venceu Bolsonaro no pleito de 2022.
A Lava Jato morreu, mas seus métodos nada convencionais parecem inspirar o ministro Alexandre de Moraes, o todo poderoso Xandão.
O delegado da Polícia Federal, Fábio Alvarez Shor, pediu autorização a Moraes para realizar busca e apreensão na residência do ex-presidente Jair Bolsonaro e de outros 15 suspeitos de uma penca de crimes relacionados a cartão de vacina contra a covid-19. Na mesma representação, Shor pediu a Xandão a prisão cautelar de seis investigados. O nome do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, encabeça a lista.
Há fortes indícios de que a operação cognominada de Venire teria sido encomendada e vazada.
Quando os agentes da PF chegaram a residência de Bolsonaro um batalhão de jornalistas, fotográfos e blogueiros já estavam de prontidão. Uma equipe de reportagem da TV Globo transmitiu tudo ao vivo. A Venire foi uma operação esperacular aos moldes da Lava Jato.
É fato incontroverso que o ex-presidente Jair Bolsonaro mais cedo ou mais tarde terá que passar pelo purgatório da justiça.
Isso, no entanto, não é o bastante para torná-lo culpado por antecedência.
No Brasil democrático, a CF/88 garante a todos a presunção de inocência, veda a ofensa a dignidade da pessoa humana, assegura o contraditório e o direito a ampla defesa.
Fazer buscas na casa de Bolsonaro e apreender seu celular foi um ato pensado de preparação do terreno para ações mais gravosas.
Xandão testou a reação dos seguidores de Bolsonaro.
A reação da bancada bolsonarista na Câmara e no Senado foi anêmica.
Xandão deve ter gostado do que viu.
O próximo passo deve ser a condenação de Bolsonaro pelo TSE a perda de seus direitos políticos.
Na avaliação de analistas políticos, a partir da operação Venire ninguém mais descarta eventual prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Xandão estaria apenas esperando o momento oportuno para dar a canetada da vingança.
Os métodos da Lava Jato continuam insepultos e a produzir vitimas.