Quarta-feira, 21 de Maio de 2025

COLUNISTAS Sábado, 21 de Outubro de 2023, 17:42 - A | A

21 de Outubro de 2023, 17h:42 - A | A

COLUNISTAS / HISTÓRIA DE VIDA

Dona Ana viveu uma vida marcada humilhação, sofrimento e fé inabalável

Uma vida de privações: adotada por uma família rígida, dona Ana não tinha direitos nem mesmo o de namorar; morreu virgem com quase 80 anos

Da Redação
Retratos da Comunidade



Cuiabá perdeu recentemente uma figura icônica e um exemplo de resiliência, dona Ana Silva de Oliveira, conhecida carinhosamente como Dona Ana. Seu falecimento foi noticiado pelo memorialista Francisco das Chagas Rocha, diretor da página no Facebook "Cuiabá de Antigamente".

A vida de Dona Ana foi marcada por uma trajetória repleta de desafios, sofrimentos e superações, mas também por sua profunda religiosidade e conexão com o catolicismo.

Em um vídeo compartilhado por Chagas, é possível testemunhar a devoção de Dona Ana à sua fé.

A religião desempenhou um papel fundamental em sua vida, servindo como uma válvula de escape para aliviar o sofrimento, humilhação e dor que experimentou desde a infância.

Dona Ana foi abandonada por seus pais quando criança e foi adotada por um casal rígido do interior da Bahia.

No entanto, sua adoção não foi como uma filha, mas como uma empregada sem direitos ou privilégios. Ela não teve a oportunidade de estudar, vestir-se como as filhas biológicas do casal ou desfrutar de qualquer liberdade.

A proibição de pasticipar de festeas ou de namorar tinha uma perversa razão. Namoro, geralmente termina em casamento e dona Ana não poderia casar. Sua obrigação era cuidar como trabalhadora análoga à escrava da familia de seus tutores.  

Sua vida era controlada e repleta de privações.

A narrativa de Dona Ana é marcada por relatos dolorosos de uma infância e juventude em que ansiava por um futuro melhor, mas que foi marcada pela falta de oportunidades e pela opressão.

Ela compartilhou memórias angustiantes de sua vida como uma "criada" e os abusos que sofreu.

Dona Ana lembrou que não tinha direito a objetos pessoais, como pentes ou pomadas para o cabelo.

Além disso, ela era forçada a cuidar das feridas dos membros da família adotiva, lambendo-as, sob ameaça de punição.

Sua vida era uma existência solitária e carente de afeto.

A história de Dona Ana é uma representação vívida de resiliência e força interior. Apesar de sua vida repleta de adversidades, ela não perdeu sua fé nem sua capacidade de encontrar conforto e significado em sua religião.

Ela também se recusou a perder sua dignidade e sua virgindade, mantendo-se fiel aos seus princípios.

Dona Ana Silva de Oliveira faleceu no dia 15 de outubro, sem ter experimentado o significado exato da palavra "felicidade".

Sua história é um lembrete da importância da empatia, compaixão e da luta contra a opressão e a injustiça.

O bairro Três Barras, onde ela vivu por décadas, deve uma homenagem a mulher notável, cuja vida e legado deixarão uma impressão duradoura na memória da comunidade. (Vídeo publicado originalmente na página Cuiabá de Antigamente)

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MARIA APARECIDA DE OLIVEIRA MORAES 18/11/2023

EU SEMPRE A ENCONTRAVA NAS MISSAS CELEBRADAS NO GINÁSIO DO COLÉGIO SÃO GONÇALO NOS DIAS DE QUARTA FEIRA

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Miraildes Ferreira de Melo 22/10/2023

Muito triste a estória da dona Ana que Deus de um bom lugar a ela esse mundo as vezes é muito ingrato com agente

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Julio José de Campos 22/10/2023

Em nome dos Católicos que frequentam as missas da Catedral Metropolitana do Senhor Bom Jesus de Cuiabá, enviamos os nossos sentimentos aos amigos de Dona Ana Silva Oliveira que era uma devota e frequentadora da nossa Igreja.

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3 comentários

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