EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
O ministro Gilmar Mendes, do STF, atropelou mais uma vez o regimento interno da Corte e concedeu em tempo recorde um Habeas Corpus a Fabricio Queiroz e a sua esposa Márcia Aguiar, que tiveram a prisão domiciliar revogada pelo ministro Félix Fischer, do STJ.
A rapidez com que agiu Mendes para salvar da masmorra do cárcere o casal suspeito de muitos crimes, tem uma explicação razoável.
Em março de 2019, um grupo de senadores pretendia instalar a chamada CPI da Lava Toga, que tinha Gilmar Mendes como um dos principais alvos. O senador Flávio Bolsonaro, que é filho do presidente Jair Bolsonaro, articulou a implosão da Lava Toga e salvou o polêmico togado do STF de passar por homérico constrangimento público.
A concessão de HC a Queiroz e a sua esposa pode ser vista como um gesto de gratidão de Mendes a Flavio. Mas pode significar muito mais que isso. Queiroz tem treinamento militar, familiaridade com cadeia e boas relações no submundo do crime. Já Marcia não aguentaria puxar cana calada. Ela logo abriria o bico.
E uma delação da senhora Queiroz poderia azedar de vez a situação já periclitante do filho Zero Um do presidente Jair Bolsonaro. Em uma tacada maquiavélica, Mendes salvou Queiroz e esposa da cadeia, retribuiu o favor a Flavio Bolsonaro, silenciou o Comitê do Ódio, calou as vozes bolsonaristas contrarias ao STF e colocou o clã presidencial no brete. Seria o caso de repetir o refrão daquela canção que diz: "está tudo dominado"?