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POLÍTICA Sábado, 28 de Março de 2020, 00:41 - A | A

28 de Março de 2020, 00h:41 - A | A

POLÍTICA / POLITICAGEM COM O CORONAVÍRUS

Bolsonaristas usam caso de empresário que se curou do covid-19 para minimizar efeitos da doença

EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra



Nas redes sociais, um grupo organizado de membros da seita bolsonarista replica e dissemina qualquer coisa que possa ser usada para sustentar o discurso favorável do presidente Jair Bolsonaro a reabertura do comércio, do retorno das aulas e do fim da quarentena, que foi imposta por governadores e prefeitos para tentar barrar o alastramento da pandemia do coronavírus no país.  

O próprio Bolsonaro alimenta seus seguidores com teses esculpidas para confundir a opinião pública e causar diversionismo. Numa delas, o capitão incita empresários a responsabilizar prefeitos e governadores por eventuais prejuízos experimentados em razão do fechamento do comercio. O artigo da 486 CLT é citado como base legal.  

O objetivo da presepada é muito claro: intimidar, constranger prefeitos, incitar empresários ao embate político e jogar a opinião pública contra gestores municipais e governadores de estado. A falange bolsonarista defende a reabertura imediata do comércio e o fim da quarentena. Isolamento social, apenas para o grupo de risco.  

Bolsonaro e seus seguidores ignoram as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), do Ministério da Saúde (MS) e de respeitadas instituições públicas e privadas de pesquisa e de ensino na área médica. Essa gente despreza a ciência da mesma forma que considera a vida de trabalhadores meros números estatísticos. Um absurdo!

A ordem é minimizar os efeitos deletérios do coronavírus e estimular o retorno dos trabalhadores a seus postos de trabalho. Os patrões precisam garantir o lucro sagrado de cada dia

Nas redes sociais, os bolsonaristas, com a exceção de praxe, mentem despudoradamente. Sem escrúpulo, disseminam fake news, promovem ataques a quem diverge e até a inimigos imaginários. A ordem é minimizar os efeitos deletérios do coronavírus e estimular o retorno dos trabalhadores a seus postos de trabalho. Os patrões precisam garantir o lucro sagrado de cada dia. O país é capitalista. É assim que funciona no liberalismo econômico.  

Forçando a barra – no esforço para convencer a população que o coronavírus causa apenas uma “gripezinha”, bolsonaristas replicaram com força nas redes sociais uma entrevista que o empresário do setor de mineração, Valdinei Mauro, concedeu a uma emissora de TV de Cuiabá, para contar que foi acometido pelo covid-19, se submeteu ao tratamento adequado e teve pronto restabelecimento.  

Para os bolsonaristas, a recuperação de Nei seria a prova inconteste de que o covid-19 causa apenas uma gripezinha de fácil tratamento. Seria a prova também de que a imprensa estaria usando o coronavírus para fabricar histerismo e causar pânico na população. Será que eles próprios acreditam em tamanha maluquice?  

Ora, o distanciamento social, o isolamento residencial, a não aglomeração de pessoas, entre outras medidas adotadas por todos os países atingidos pela pandemia do coronavírus, são recomendadas por uma razão simples: impedir a disseminação em larga escala da covid-19 e assim evitar o colapso da rede pública de saúde.  

Valdinei Mauro defende essas medidas. “A população tem que se preocupar, tem que se cuidar, principalmente de nossos velhinhos”, disse ele a repórter Hosana Menezes, do programa Comunidade, do SBT de Cuiabá.  

Usar o caso de Valdinei como peça de propaganda contra os efeitos deletérios do covid-19 é de uma assombrosa irresponsabilidade. Primeiro, o empresário foi atendido por uma equipe medica altamente qualificada, em um dos melhores e mais equipados hospitais privados de Cuiabá.  

Segundo, a esmagadora maioria da população de Mato Grosso depende exclusivamente da rede pública de saúde, que não dispõe de respiradores, de profissionais especializados e muito menos de leitos de UTIs em quantidade para atender simultaneamente dezenas de casos.  

Então, diante a essa realidade, a recomendação é isolamento residencial, distanciamento social, lavar as mãos e orar para que o pior não aconteça, porque se acontecer, não tenha dúvida, o serviço funerário também vai entrar em colapso. Isso a turma do libera geral não informa a população.  

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