EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
A exoneração arbitraria, posto que sem justificativa, de dois coordenadores pedagógicos e de uma diretora de escola da rede municipal, reavivou na memória de internautas um triste e vergonhoso fato de exemplar perseguição política patrocinado pelo prefeito Fabio Junqueira, quando secretário de educação, no governo do então gestor Jaime Muraro, que ficou conhecido como o “Caso Gudolle”.
Roberto Gudolle Castro era um professor de educação física do quadro de efetivos da prefeitura. Em uma reunião política do PDT, realizada na Câmara de Vereadores, o educador sentou na cadeira da presidência, afinou a voz e tentou imitar o discurso de Fábio Junqueira, quando presidia aquela Casa de Leis. A brincadeira custou caro ao contribuinte. Na verdade, quase R$ 1 milhão de reais em valores atualizados.
Junqueira, ao tomar conhecimento da parodia de Gudolle, não pensou duas vezes. Mandou o professor para o olho da rua. A exoneração foi uma forma de vingança contra o desavisado professor que teve a petulância de brincar com a voz e os trejeitos de Junqueira.
Insatisfeito, Gudolle acionou o judiciário. A injustiça foi corrigida e o professor recebeu retroativamente tudo que havia deixado de receber durante o período em que esteve arbitrariamente afastado das escolas. O educador, que é considerado um especialista em educação física para alunos portadores de necessidades especiais, foi reintegrado ao cargo e o município condenado a indenizá-lo.
Assim que Fábio Martins Junqueira foi eleito prefeito, em 2012, uma de suas primeiras medidas foi convidar o professor Roberto Castro Gudolle para ocupar um cargo comissionado em sua gestão. A medida, segundo dizem, teria sido adotada para aplacar a paralisante dor de consciência que fazia afligia sua alma nas intermináveis noites de insônia. Vai saber!
Pelo que o site apurou, Gudolle encontrou na justiça a mitigação para sua dor, angustia e sofrimento. Foi reintegrado, recebeu a reparação merecida e deu continuidade à sua vida de educador exemplar. Junqueira, que tem uma bíblia sobre a mesa de trabalho, se declara temente a Deus, cumpridor das leis e, acima de tudo, probo, ético, decente – quase um samaritano – não se dignou a reparar o rombo que teria causado aos cofres públicos.
Não se emendou com o exemplo do passado. Mais uma vez atenta contra a lei, passa por cima de garantias constitucionais e faz valer sua prepotência para exonerar três servidores, sem observar o direito à ampla defesa, ao contraditório. Não há presunção de inocência. Junqueira condena sem obedecer o devido processo legal.
Será que no futuro, mais uma vez o contribuinte será penalizado por atitudes tresloucadas de um gestor que faz da administração pública uma chibata para açoitar adversários ou simples desafetos políticos? O tempo dirá!!!