Edésio Adorno
Tangará da Serra
Angélica Hoffman de Moura, moradora do distrito de Marechal Rondon, em Campo Novo do Parecis, apresentou a justiça eleitoral uma prova bombástica de corrupção eleitoral, que pode custar o novo mandato conquistado pelo prefeito Rafael Machado (PSL) no último dia 15 de novembro.
Hoffman compareceu espontaneamente ao Cartório de 2º Ofício de Campo Novo e lavrou uma Ata Notarial. No documento, a mulher relata com riqueza de detalhes eventual crime eleitoral praticado pelo prefeito Machado.
Angélica narra, na Ata Notarial, que há mais de dois anos procurou a secretaria de Assistência Social do município e fez a solicitação de uma cesta básica. Ela conta que recebeu a ajuda alimentar uma única vez, ou seja, foi beneficiada apenas com uma cesta básica.
Faltando algo em torno de duas semanas para realização do pleito eleitoral, um senhor que se identificou como sendo secretário municipal compareceu a residência de Hoffman e fez a entrega de cesta básica. Ele estaria utilizando um micro-ônibus da prefeitura para transportar e distribuir cestas básicas.
A consciente e esclarecida senhora logo entendeu que o prefeito Rafael Machado estaria distribuindo cestas básicas com o propósito de fraudar o processo eleitoral para se manter no cargo de prefeito. Não pensou duas vezes. Foi ao cartório e lavrou em ata notarial tudo que testemunhou presencialmente. Uma denúncia extremamente grave.
Na reta final da campanha eleitoral, uma denúncia igualmente grave e comprometedora serviu de justa causa para autorizar o juízo eleitoral a determinar busca e apreensão de cestas básicas que estariam sendo distribuídas pela prefeitura em período vedado pela legislação eleitoral.
Assim que tomou conhecimento da denúncia de Angélica Hoffman, o candidato derrotado à prefeitura de Campo Novo, Sebastião Carlos Pim e seu vice Gilberto Vieira Melo ajuizaram a competente Ação de Impugnação de Mandato Eleitoral sob o forte argumento de que Machado teria se beneficiado de artificio ilícito para vencer o pleito.
Para provar que a farta distribuição de cestas básicas na véspera da eleição desequilibrou o pleito e beneficiou Machado, os impugnantes apresentam o resultado da eleição como consistente indiciou da ocorrência de captação ilícita de votos.
Rafael Machado foi reeleito com 6.395 votos (38.39%) e Sebastião Pim ficou em 2º lugar com 5.902 votos (35.43%)
Uma diferença de apenas 493 votos.
O terceiro colocado na disputa, Clovis de Paula teve 4.090 votos (24.55%).
A professora Ângela obteve 272 votos (1.63%).
A soma do percentual alcançado pelos candidatos derrotados chega a 61,61%.
Isso prova que Machado jamais seria eleito em condições normais de peso, pressão e temperatura.
Foi salvo, segundo se deduz, pela captação fraudulenta de sufrágios.
“O processo eleitoral em curso foi irremediavelmente maculado pela conduta dos impugnados e seus seguidores, que não pouparam esforços e meios para manobrar e manipular a vontade dos eleitores, em detrimento da força viva da democracia”, escreveu a defesa de Pim.
“A denúncia realizada junto ao Ministério Público feita pela cidadã Angélica Hoffman de Moura, assim como a declaração feita junto ao cartório registrada em ata notarial, que ora são mostrados, exteriorizam a aproximação e a proposta para conspurcar a consciência de diversos eleitores, configurando a vexatória compra de votos”, diz trecho do documento de impugnação de mandato.
Juristas consultados pelo site avaliam que Machado deve seguir o mesmo caminho trilhado pela senadora Selma Arruda.
“Quanto mais ele caminha, mais se aproxima da guilhotina. Dificilmente ele escapa ileso. As provas contra ele são robustas e a justiça eleitoral tem sido implacável no combate a corrupção eleitoral”, opinou um advogado experimente na lide eleitoral.
O outro lado - nossa reportagem entrou em contato com o prefeito Rafael Machado. Ele alegou que precisava se inteirar sobre a denúncia para depois se manifestar. O espaço segue aberto.