EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
O presidente Jair Bolsonaro (PSL) vive um dilema: manter em pé o discurso que o consagrou nas urnas ou renunciar tudo e salvar a pele de seu filho primogênito, o senador Flávio Bolsonaro, que teria praticado uma penca de crimes quando ainda era deputado estadual no Rio de Janeiro.
Quando ocupava uma cadeira no baixo clero da Câmara dos Deputados, Bolsonaro usava o bordão “quem não deve não teme investigação” para justificar a abertura de inquéritos policiais ou processos judiciais contra parlamentares da esquerda. Os ácidos discursos que ele fazia contra membros dos governos Lula, Dilma e Temer geravam frenesi nas redes sociais. O capitão se tornou mito, verdadeiro ícone do combate a corrupção e aos desmandos políticos.
Repudiar atos de corrupção praticados por adversários políticos é fácil. Mais fácil ainda é defender cadeia a granel para esquerdistas, comunistas, petralhas e lulistas. Em se tratando de um filho encrencado em falcatruas, bem aí a coisa muda de figura. E como muda! Para salvar o mandato de senador do filho Flávio e não vê-lo na cadeia ou com uma tornozeleira, o capitão baixou o flap.

Flávio Bolsonaro (PSL) e Queiroz: ligações suspeitas ainda não devidamente esclarecidas.
Desautorizar os órgãos de repressão ao crime organizado, desmoralizar a Polícia Federal, o MPF e o Coaf, pasmem, foi a resposta dada pelo presidente Jair Bolsonaro quando a imprensa noticiou a escusa relação entre Flávio e Queiroz e mostrou com riqueza de detalhes que o filho do capitão estava envolvido até o pescoço em trambiques na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
Receber retorno de parte do salário de servidores de seu gabinete, empregar dezenas de parentes, envolvimento com milícias, participação em suspeitas transações imobiliárias e lavagem de dinheiro, além de liderar organização criminosa, são algumas das suspeitas que pesam contra o filho do presidente.
No mundo selvagem, os animais doentes, velhos ou feridos viram banquete para predadores famintos. Essa lógica se aplica ao reino político. As hienas do centrão no Congresso Nacional fizeram festa quando perceberam que Flavio era um alvo frágil e vulnerável. Mantê-lo vivo e sangrando era mais interessante que abatê-lo. Flávio se tornou presa dos delinquentes do centrão, de setores do judiciário e até do MPF. Desidratar a Lava Jato e enterrar a proposta da Lava Toga são algumas das exigências dos abutres da pátria.
A Bronca Popular/Reprodução

Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia, que comandam o Congresso Nacional, exigiram e Bolsonaro entregou a PGR para o subprocurador Augusto Aras. O PSL, que é o partido do presidente, entrou em campo para ajudar melar a Lava Toga. O encrencado senador Flavio Bolsonaro pressionou colegas e correligionários para abortar a ideia de investigar ministros do STF, em especial Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
Até a ainda chefe da PGR, Raquel Dodge, mostrou suas garras. Ela faz o jogo de Toffoli e não está nem um pouco preocupada em defender a Lava Jato dos ataques de políticos e de togados do STF. O parecer produzido em tempo recorde para pedir a cassação do mandato da senadora Selma Arruda revela muito sobre Dodge e não acrescenta nada de novo na mirabolante história que serviu de pano de fundo para os juízes eleitores do TRE/MT condenar a juíza a perda do mandato.
Bolsonaro sobreviveu a facada de Adélio, infelizmente seu filho foi capturado pelo centrão. Feitos reféns, Bolsonaro pai e filho abortaram os ideias de moralidade e de combate a corrupção para atender os interesses da organização criminosa chamada centrão.
O que mais essa turma vai exigir?
Adiles Maria 12/09/2019
Lamentável é a mídia que temos, só nos desinforma!
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