EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
O prefeito Fábio Martins Junqueira postou nas redes sociais que Tangará da Serra tem leitos de UTI contratados nos hospitais Santa Ângela e Hospital das Clínicas para casos não COVID. Esqueceu, no entanto, de dizer que a conta é paga exclusivamente pelo Governo do Estado.
Entre janeiro e abril deste ano de 2020 a Secretaria Estadual de Saúde (SES) transferiu para o Fundo Municipal de Saúde (FMS) de Tangará da Serra R$ 7.561.775,50 para custeio de tratamentos de média e alta complexidade nas UTIS do HC e Santa Angela, atenção primária da saúde, financiamento do Programa Hanseníase, regionalização e contrapartida na manutenção do Samu. Essas informações são pública e estão disponíveis no site da SES.
É importante destacar que os leitos de UTI contratados no Santa Angela e HC não são exclusivos para a população de Tangará da Serra. São regulados pelo Estado para atender pacientes de qualquer um dos 141 municípios.
No entanto, devido à proximidade, esses leitos tem sido de grande importância para a população tangaraense. E, graças a essa estrutura da rede privada, alugada pela SES, muitas vidas já foram salvas pelo profissionalismo e dedicação do corpo clinico do Santa Angela e HC, sem nenhuma contrapartida financeira da prefeitura. Isso é fato.
No mesmo post, Junqueira reclamou que o Governo do Estado tem uma dívida histórica com Tangará da Serra e o médio norte pelo abandono que há muito tempo relega a região, que, segundo ele, tem uma população de mais de 300 mil habitantes e não possui um hospital regional.
“E isso não é de agora, é de muitos anos. E não é por falta de cobrança. Se já faltava apoio para a quinta maior cidade do Estado em tempos normais, imagina em tempos de pandemia. Até agora nenhuma ajuda tivemos do Estado. E olha que temos pedido”, escreveu Fábio no Facebook
Hospital Regional
O discurso do prefeito Fábio Junqueira em defesa de um hospital regional em Tangará da Serra contradiz os fatos.
É público e notório que os ex-deputados Wagner Ramos (PSD) e Saturnino Masson defendiam essa bandeira e o ex-governador Pedro Taques (PSDB) chegou a propor a transformação do Hospital Municipal Arlete Daisy Cichetti de Brito em hospital regional. Junqueira recusou a sugestão.
O governador Mauro Mendes (DEM) fez a mesma proposta e como justificativa afirmou que não fazia sentido construir do zero um novo hospital, quando seria mais prático e econômico aproveitar a estrutura já existente e ampliá-la para atender a região. Mais uma vez, Junqueira recusou a proposta. Ele defende a construção do hospital regional, mas não abre mão da prefeitura continuar gerindo um hospital, que para funcionar depende de ajuda do governo do estado.
Coronavírus
O Ministério da Saúde (MS) homologou oito leitos de UTI para covid-19 no Hospital Municipal e pagou antecipadamente R$ 1.152.000,00. O Governo Federal também repassou R$ 2.311.911,55 para a prefeitura de Tangará da Serra desenvolver ações efetivas de combate ao novo coronavírus, conforme dados disponíveis no site da Fundação Nacional de Saúde (FNS).
Sem exagero, salta evidente que o combate ao coronavírus em Tangará da Serra não depende de dinheiro. Os cofres da prefeitura estão abarrotados. O que falta é gestão.
O Secretário de Saúde que o prefeito importou de Nova Olímpia, Sergio Scheffer, tem boa vontade, é bom de papo, mas carece de conhecimento teórico e prático para comandar a pasta da Saúde.
“É preciso entender para resolver”, já dizia o sábio do cerrado. Administrar na base do improviso é a mais completa receita do fracasso.