EDÉSIO ADORNO
Tangará da Serra
A queda de uma carga de tripa de frango merece destaque nos meios de comunicação? Claro, que sim. O fato, além de surreal, causou a interdição da rodovia MT-358, na Serra Tapirapuã, por mais de 5 horas. Essa notícia, no entanto, não pode ser usada como válvula de escape para negligenciar a população uma informação ainda mais fétida que vísceras ou cocô de frango. Foi exatamente isso que aconteceu.
Na manhã da última sexta-feira, agentes da Delegacia Especializada em Crimes Fazendários e Contra a Administração Pública (Defaz) cumpriram 11 mandados de prisão 37 de busca e apreensão em diversos estabelecimentos comerciais em Cuiabá, Várzea Grande e no interior do Estado.
Em Tangará da Serra, os policiais vasculharam a distribuidora de bebidas Tigre da Serra e a residência de seus proprietários, Admir José do Nascimento, o Dé da Tubaína e uma senhora, cujo nome o site preserva por uma questão de ética profissional.
A ação policial investiga o comércio de bebidas quentes (Velho Barreiro, Jamel, Pirassununga, etc.), provenientes de outros Estados da Federação, desacompanhadas de notas fiscais, sem registro de passagem nos postos fiscais ou com simulação de trânsito para outros estados, mas com o descarregamento do produto no Estado do Mato Grosso.
Em entrevista à imprensa, o delegado que comanda a operação, Sylvio do Vale Ferreira Junior, revelou que a organização criminosa teria sonegado mais de R$ 4 milhões em ICMS. Na Big Festas e na residência de Dé da Tubaína, os policiais buscaram apreender documentos, notas fiscais, dispositivos móveis e computadores que possam comprovar crimes contra a ordem tributária.
A autoridade policial destacou que os comerciantes seriam os responsáveis pelo fomento do esquema criminoso patrocinado pela organização criminosa. “Todos os investigados vão responder por integrar organização criminosa e pela pratica crimes contra a ordem tributária, entre outros a serem delimitados até o final do inquérito policial”, pontou o delegado Sylvio.
Opinião - Sem entrar no mérito das investigações ou discutir a culpabilidade ou inocência dos investigados, o caso merece acompanhamento rigoroso por quem não compactua com a corrupção na administração pública e muito menos com sonegadores contumazes.
Quem desvia dinheiro dos cofres públicos ou pratica sonegação fiscal atenta contra o contribuinte e contra a cidade onde vive. A precariedade na saúde, para ficar apenas com um exemplo, tem em sua gênese na ação maléfica de sonegadores e de corruptos. Cada morte lenta por falta de assistência médica ou violenta nas rodovias esburacadas deve ser creditada a essa raça infame.
Mesmo sob forte pressão e ameaças, A Bronca Popular não recua um milímetro de sua proposta editorial. Noticiar queda de carga de tripa de frango, acidente de bicicleta nas ruas de Tangará da Serra ou ação policial de rotina não é a preocupação primeira do site.
O compromisso é informar a opinião pública sobre fatos que repercutem na vida de cada tangaraense. Assim será sempre!