Da Redação
O Poder Judiciário Estadual informou que encontrou apenas R$ 3,8 mil nas contas do ex-deputado estadual Pedro Satélite (PSD), e de seu filho, Andrigo Gaspar Wiegert, que sofreram uma ordem de bloqueio de bens de R$ 10,2 milhões. Em razão do valor “ínfimo” encontrado nas contas bancárias, os R$ 3,8 mil foram desbloqueados. A ordem de restrição ocorre no âmbito de uma das ações derivadas da operação “Rota Final”, que apura um esquema de lobby que contou inclusive com supostos pagamentos de propina a parlamentares estaduais, caso de Pedro Satélite, para “barrar” a concessão do transporte público intermunicipal de passageiros em Mato Grosso.
Os detalhes da ordem de indisponibilidade de bens, porém, ainda não foram publicados.
Em maio de 2021, o promotor de justiça Ezequiel Borges de Campos denunciou Eder Pinheiro, Júlio César Sales Lima, Max Willian de Barros Lima, José Eduardo Pena, Edson Angelo Gardenal Cabrera, Paulo Humberto Naves Gonçalves. Francisco Feitosa de Albuquerque Lima Filho, Luis Gustavo Lima Vasconcelos, Daniel Pereira Machado Júnior, as empresas Verde Transportes, Viação Juína Transportes Eirelli, Empresa de Transporte Andorinha S/A, Viação Xavante Ltda e Viação Motta Ltda – além do deputado estadual Dilmar Dal Bosco e Pedro Satélite.
O Ministério Público do Estado (MPMT) pede o bloqueio de R$ 32,4 milhões dos denunciados. Segundo as investigações do órgão, o grupo realizou um forte lobby – em todos os Poderes de Mato Grosso -, além de pagar propina, para “barrar” o processo de concessão do transporte público intermunicipal no Estado.
Uma das iniciativas do grupo foi a criação de uma comissão, na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT), em 2015, para realizar um “estudo” sobre serviços de transporte rodoviário de passageiros no Estado. A comissão, porém, foi criada atendendo a uma demanda de empresários do setor, que tinham interesse na manutenção dos contratos de suas empresas de transporte.
Segundo os autos, o relatório final desta comissão na ALMT – que tinha presidência e relatoria de Pedro Satélite e Dilmar Dal Bosco, respectivamente -, e que recomendou a manutenção dos contratos precários das empresas de ônibus, sequer foi assinado pelos então parlamentares. O MPMT aponta que foram os representantes das próprias empresas de ônibus, capitaneadas pelo Sindicato dos Empresários do Setor de Transporte Intermunicipal de Passageiros (Setromat), com Júlio César Sales Lima à frente, que elaboraram o documento.
“Com efeito, como pode ser observado, o referido documento possui 31 laudas e não foi assinado nem por Dilmar Dal Bosco, Relator da Comissão Especial Parlamentar, tampouco por seu Presidente, Pedro Satélite, ou quaisquer dos demais membros”.
Na denúncia, o MPMT narra que Pedro Satélite e o filho, Andrigo Wiegert, receberam propinas que totalizam R$ 2,56 milhões. O ex-deputado estadual concedeu passagens de ônibus gratuitas até para as netas e a sogra, conforme o órgão ministerial.