Yasmin Rajab
Correio Braziliense
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, se retratou a respeito de uma declaração sobre pessoas com deficiência, que gerou polêmica nas redes sociais. Após a repercussão negativa do assunto, o chefe do Executivo fez uma publicação nas redes sociais, neste sábado (22/4), se retratando "com toda a comunidade de pessoas com deficiência intelectual, com pessoas com questões relacionadas à saúde mental e com todos que foram atingidos de alguma maneira" pela fala. Lula tinha dito que "pessoas com deficiência mental têm um problema de desequilíbrio de parafuso”.
No pedido de desculpas, o presidente disse que errou e que está aprendendo. "Não devemos relacionar qualquer tipo de violência a pessoas com deficiência ou pessoas que tenham questões de saúde mental. Não vamos mais reproduzir esse estereótipo. Tanto eu quanto nosso governo estamos abertos ao diálogo", escreveu. "Como presidente de um país com uma grande parcela da população de PCDs, estou disposto a aprender e fazer o possível para que todos se sintam incluídos e respeitados. É assim que avançamos enquanto pessoas, país e sociedade", finalizou.
Entre os acordos que assinamos hoje em Lisboa, está a criação de mecanismos para o intercâmbio de boas práticas na promoção e defesa dos direitos de pessoas com deficiência, para Brasil e Portugal atuarem juntos na promoção de mais direitos para a população PCD.
— Lula (@LulaOficial) April 22, 2023
A fala em questão foi dita na última quarta-feira (19/4), durante um discurso feito em uma reunião com ministros e governadores sobre prevenção nas escolas. No vídeo, Lula aparece afirmando que "pessoas com deficiência mental têm um problema de desequilíbrio de parafuso”. Após a fala, o apresentador Marcos Mion fez um vídeo em que repudia a fala de Lula e diz que a afirmação é capacitista e inadequada. “Temos de nos policiar, de aprender, de nos adequar. Isso não só é muito pejorativo, quanto incentiva outras pessoas que continuem usando esses termos, que precisam ficar no passado”. No vídeo, o apresentador esclarece que o termo correto a se falar é “deficiente intelectual”, e não “mental”.
Mion é considerado um forte ativista anti-capacitismo desde que seu filho Romeo, de 17 anos, foi diagnosticado com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Apesar disso, o vídeo feito pelo apresentador recebeu críticas tanto de apoiadores de Lula quanto do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Alguns internautas chegaram a resgatar fotos de Marcos Mion tiradas em 2020 ao lado de Bolsonaro, em um encontro para a sanção da Lei 13.977, que estabelece a emissão da Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (CipTEA). A norma leva o nome de Romeo Mion, filho do ator e apresentador.
“Engraçado ele [Marcos Mion] dizer que a fala de um presidente incentiva outras pessoas. Estou procurando o vídeo dele sobre as falas e atitudes do Bolsonaro, como incentivar criança a violência, pintar clima com criança, dizer que tem que fuzilar a oposição… [e não encontrei]”, escreveu um usuário do Twitter.
“Mesmo o Bolsonaro tendo sancionado a Lei Romeo Mion, uma das causas defendidas por Michelle Bolsonaro, o apresentador, ator e ativista na causa autista, na qual se engajou após ter seu filho Romeu autista, Marcos Mion fez o L. Ingrato! Agora fica reclamando do ladrão”, disse outro.