EDÉSIO ADORNO
A direita tem obsessão pela esquerda, mira o passado e não tem olhos para o futuro. Os adeptos de Bolsonaro tratam o capitão com a mesma devoção que os petistas dedicam a Lula. A militância bolsonarista se confunde com a própria direita, assim como os fiéis do demiurgo de Garanhuns se consideram donos ou destinatários exclusivos da teoria de esquerda. A claque de Bolsonaro não é diferente: acha que controla o liberalismo econômico e mantem em sua gênese o DNA do conservadorismo.
Não à-toa, o bolsonarista é considerado um petista às avessas. O fanatismo, a ausência de leitura e o tratamento quase religioso que os adeptos de Lula e de Bolsonaro dispensam a seus gurus espirituais formam o energético que vitamina essas torcidas.
Esquerda e direita tem mais em comum. São alimentadas pela poderosa indústria das fake news. Os grupos de Whatsapp, abastecidos por cérebros locados, são a fonte preferencial de informação dessa gente. Verdade é o que confirma ou convalida sua crença. Nas redes sociais não existe espaço para a racionalidade, o pensamento crítico e muito menos debate.
Quem ousa discordar de Bolsonaro ou de seus filhos é rotulado de esquerdista, comunistas ou coisa pior. Até as malandragens do senador Flávio Bolsonaro são aceitas como estripulias santas ou coisas da imprensa comunista. Para os petistas, Lula não é um ladrão preso; é um santo que fora condenado por perseguição política.
Esse jogo entre torcidas favorece Lula e Bolsonaro. Mas prejudica o Brasil. O país precisa de emprego, de crescimento econômico, de segurança pública, de saúde e moradia. Sem justificar ainda a que veio, Bolsonaro definiu sua reeleição como projeto de governo. Lula sonha com a liberdade para se casar. Os tolos se dividem no apoio a um e a outro. Viva o Brasil, o país que antes de tudo é um grande circo!