EDÉSIO ADORNO
Alan Pimenta é auditor externo do TCE/MT
Preocupada com o possível retorno dos conselheiros afastados do Tribunal de Contas (TCE), a conselheira interina Jaqueline Jacobsen já aprontou o escambau para se segurar na cadeira de José Carlos Novelli e dificultar ao máximo a vida do conselheiro. O limite da doutora é a falta de limites. Às vezes, de ética, de denodo e de escrúpulo.
No jornal A Gazeta, que circula nesta quinta, uma plantação com conotação de escândalo panfleta um suposto rombo de R$ 137 milhões nos cofres do TCE durante as gestões de Novelli e Teis. A delimitação providencial do período auditado (2012 a 2015) evidência a armação e o cinismo.
No relatório que serviu de base para a matéria, Jacobsen protege seu protetor, Valter Albano e exclui o período de Antonio Joaquim da suposta investigação. A imprestabilidade do arremedo de relatório é algo colossal.
Os três auditores externos que participaram de seu feitio são suspeitos para promover a auditoria. Alan Fernandes Pimenta e Edemar Claudio Marangon trabalharam integradamente na execução do planejamento estratégico do TCE no período de 2010 e 2011, da gestão de Valter Albano. Jacobsen omitiu esse período na auditoria.
Simone Pelegrini assumiu a Secretaria de Tecnologia da Informação em 2016, dando continuidade em vários dos contratos investigados. Somente Edemar Marangon protocolou sua suspeição, mesmo já tendo entregue e assinado o relatório, o que comprova a falta de imparcialidade e isenção na sua elaboração.
Outra lambança: a auditora externa Simone Pelegrini se limitou a auditar os contratos somente até 2015. Pelegrini deu continuidade a alguns desses contratos por ela considerados irregulares. Simone não levou em consideração o período em que ela era a responsável pela execução desses contratos, na gestão Antonio Joaquim (2016 e 2017).
Pelegrini manteve, inclusive, os valores pagos anteriormente. Pior que isso. Simone Pelegrini, antes de se tornar auditora, trabalhou em pelo menos uma das empresas investigadas, que aparecem no relatório.
Se de fato foram identificadas irregularidades, o melhor que o trio de auditores pode fazer é procurar a Defaz ou o Gaeco e confessar seus pecados
Ora, se de fato foram identificadas irregularidades, o melhor que o trio de auditores pode fazer é procurar a Defaz ou o Gaeco e confessar seus pecados. Pode também tentar um acordo de delação premiada. Se entre 2012 e 2015 houveram ilícitos, basta expandir o período investigado para um ano anterior e outro posterior que os auditores cairão na pica do saci. Aliás, nas garras do Ministério Público.
Deixando de lado essa estrovenga, vamos a outra ainda mais achincalhada.
Quem teria vazado o relatório a Gazeta?
A uma fonte do site, Jaqueline tirou o dela da reta do êmbolo da seringa. Jura de pés juntos não ter repassado nenhuma informação ao repórter Lázaro Thor Borges, de A Gazeta.
Ao negar o vazamento, Jacobsen deixa a procuradora da República, Vanessa Cristhina Marconi Zago Ribeiro Scarmagnani, sob suspeita. Ela recebeu uma cópia do relatório. O documento também foi remetido ao superintendente da Polícia Federal.
O problema é que o ladrão confesso de R$ 1 bilhão dos cofres do governo do estado, Silval Barbosa, que foi agraciado com um acordo de delação premiada pelo ex-chefe da PGR e homicida em potencial, Rodrigo Janot, igualmente, teria recebido uma cópia do tal relatório.
Tenho a informação segura de que Barbosa teria procurado outros veículos de comunicação para dar publicidade ao criativo relatório de Jaqueline Jacobsen. O velho rato do Paiaguás precisa manter de pé seu acordo de colaboração com a PGR. Qualquer elemento de prova que ajude corroborar suas acusações contra os conselheiros será sempre bem-vinda. O relatório de Jacobsen foi um achado valioso. Importante demais para não ser publicizado.
Não creio que a doutora Vanessa tenha repassado para a imprensa um documento que deveria ser mantido sob sigilo
Não creio que a doutora Vanessa tenha repassado para a imprensa um documento que deveria ser mantido sob sigilo. De igual forma, não é crível que a PF tenha jogado o documento nas mãos do repórter de A Gazeta. Por exclusão, sobra ela, a interina Jaqueline Jacobsen, quem mais tem interesse em dificultar ou impedir o retorno dos conselheiros afastados há mais de dois anos de suas funções.
Na próxima quarta-feira (16/10), a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) deve apreciar o recurso dos conselheiros, no qual eles pedem a revogação da cautelar do ministro Luiz Fux, do STF, que os afastaram de seus cargos.
Jacobsen sabe que a possibilidade de retorno é real. Isso é o bastante para deixa-la em pânico.
A interina, que desenvolveu verdadeira obsessão pela cadeira de conselheiro, gostaria tanto que esse dia nunca chegasse.